Você sabia que não é só a aparência física que muda com a idade? Nossos órgãos, tecidos e funções também sofrem com o envelhecimento. Um dos efeitos desse processo é a diminuição da força da musculatura respiratória.
A boa notícia é que um estudo brasileiro, publicado este ano no jornal científico Clinics, mostrou que o Pilates, associado a um treinamento muscular inspiratório, proporciona melhora da função pulmonar e do condicionamento físico nas pessoas com mais de 60 anos.
Segundo a fisioterapeuta, Walkíria Brunetti, especialista em Pilates e RPG, a diminuição da força muscular é uma característica muito marcante no processo do envelhecimento e atinge todas as cadeias musculares, inclusive os músculos responsáveis pela respiração.
“A redução da capacidade respiratória nos idosos tem impactos importantes no dia a dia. O cansaço surge mais facilmente. As atividades simples, como varrer o chão, passear com o cachorro ou subir uma escada podem se tornar mais desgastantes, causando falta de ar e fadiga”, explica Walkíria.
A explicação para as dificuldades respiratórias em idosos está na fisiologia da respiração. A capacidade pulmonar de se expandir na inspiração e de voltar ao normal na expiração se chama complacência pulmonar. Esta complacência pode aumentar, especialmente em idosos ou em pessoas com enfisema pulmonar, devido à perda das fibras elásticas.
“Com isso, o pulmão se expande, mas não volta ao normal, dificultando a saída completa do ar inspirado. E sabe-se que uma expiração efetiva é essencial para eliminar o CO2, para fazer as trocas gasosas e para melhorar a ventilação e a oxigenação dos tecidos, fatores essenciais para um envelhecimento saudável”, comenta Walkíria.
Um aliado da saúde pulmonar
Em relação aos resultados da pesquisa, a fisioterapeuta ressalta que o achado mais importante foi que o Pilates melhorou de forma significativa a Pressão inspiratória máxima (PImáx), que reflete a força dos músculos inspiratórios. Também houve melhora da Pressão expiratória máxima (PEmáx), da força abdominal, das funções neuromusculares e da condição aeróbica dos participantes.
“Os músculos abdominais são essenciais para o controle da expiração. Portanto, o fortalecimento dessa cadeia muscular é muito importante para quem apresenta complacência pulmonar aumentada e o Pilates atua nessa função de aumento da força”, ressalta Walkíria.
“Além disso, a respiração é um dos princípios para executar os exercícios do Pilates de forma correta. Vale lembrar que no Pilates, a expiração é um dos movimentos mais importantes, pois depende da contração forçada dos músculos do CORE, que participam da respiração, como por exemplo, o diafragma. E um dos principais benefícios do Pilates é justamente o fortalecimento dos músculos do CORE”, cita a especialista.
Pilates para todos
Embora muitas pessoas hoje aderiram ao Pilates como uma prática esportiva, é importante ressaltar que algumas modalidades, principalmente as mais recentes, não são indicadas para todas as pessoas.
“O ideal é que pessoas com problemas de saúde como idosos e gestantes, principalmente, procurem fazer aulas de Pilates mais individualizadas, com acompanhamento de um fisioterapeuta especialista no método. Para esse público, o mais indicado é o Studio Pilates, que é a modalidade feita nos aparelhos”, reforça Walkíria.
Como uma curiosidade final, o criador do Pilates, Joseph Pilates, era asmático. Assim, ele praticava diariamente os exercícios respiratórios do seu método, inicialmente chamado de contrologia.
O pilates é um método que estimula o corpo de forma global durante cada exercício, visando aumentando de mobilidade, flexibilidade força e tônus muscular.
Para tanto, ele faz uso principalmente da respiração e de movimentos que usam o peso do corpo ou o auxílio/resistência das molas em seus aparelhos.