A Parceria Público Privada (PPP) da Nova Ceasa foi destaque internacional,na quinta-feira(15) por ser um projeto que coloca pessoas em primeiro lugar. O Piauí, representando pela superintendente de Parcerias e Concessões Viviane Moura, participou do Webinar de Capacitação em PPPs para Plataformas Logísticas em Angola - evento financiado pela União Europeia e organizado pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (CNUCED) em colaboração com o Ministério da Indústria e Comércio (MINDCOM), Ministério dos Transportes (MINTRANS) e a Agência Reguladora de Certificação de Carga e Logística de Angola (ARCCLA).
O webinar foi aberto à participação de stakeholders dos setores público e privado envolvidos nas atividades de agricultura, comércio, transporte e logística, bem como em PPPs em Angola.
“As plataformas logísticas são de importância capital é essencial para a fluidez dos produtos e comércio dos países. No caso particular de Angola, esse espaço é privilegiado para o debate e a partilha de conhecimentos e experiências de especialistas dos mais diversos quadrantes”, destacou o Ministro dos Transportes da Angola, Ricardo de Abreu.
PPP da Nova Ceasa
O Piauí apresentou a PPP da Nova Ceasa, que se destaca por ter eixos sociais integrados diretamente com a questão econômica.Em sua apresentação, a superintendente do Piauí destacou, ainda, as mudanças na central de abastecimento a partir da concessão do entreposto. “Nossos problemas mais graves eram relacionados à limpeza; estamos falando de um espaço de venda de alimentos, portanto tem que obedecer a regras sanitárias mais rígidas. Tinha um grande problema de drenagem de esgoto e falta de infraestrutura adequada para o comércio local. A PPP resolveu todas essas questões e foi além, desenvolvendo ações sociais como o Banco de Alimentos, Banco de Saúde e o Centro de Recreação Infantil e Reforço Escolar da Nova Ceasa”, disse a superintendente Viviane Moura.
A superintendente explicou como funciona a Nova Ceasa (Central de Abastecimento), em Teresina. Ela possui 1.200 permissionários, atua na distribuição de frutas, hortaliças, legumes, grãos, ovos, frangos para o Piauí e região Meio Norte do Maranhão, mas que tem uma forte atuação social por aproveitamento dos produtos hortigranjeiros, que iriam ser desperdiçados e jogados no lixo. Eles são processados e entregues para instituições filantrópicas para matar a fome da população carente.
Ela afirma que a Nova Ceasa foi premiada pela ONU como a Melhor PPP (Parceria Público-Privada) e servirá de modelo para um mercado que está sendo construído em Angola.
Replicagem da PPP
"Será um processo de replicagem da PPP da Nossa Ceasa do Piauí, do nosso modelo de infraestrutura de logística porque Angola construiu uma plataforma de comercialização de alimentos voltado para o desenvolvimento econômico, com uma PPP. Estão querendo construir um grande mercado de distribuição de alimentos, uma Ceasa 4.0. Tivemos um encontro com o presidente de Angola, mas a experiência da Ceasa foi mostrada para outros países da África", declarou Viviane Moura.
A replicagem de projetos do Piauí para outros países como o da Nova Ceasa não é um caso isolado. O Piauí tem sido modelo para outros países resolverem seus problemas.
Foi o caso do Projeto Vila-Bairro, que foi criado e desenvolvido no primeiro mandato do ex-prefeito Firmino Filho (PSDB), de 1997 a 2000, e urbanizou e implantou serviços em vilas e favelas de Teresina, que se transformaram em bairros. E foi apresentado em encontros da ONU na China e em Nairóbi, capital do Quênia.
Vila Bairro foi mostrado em outros países
É também o caso de replicagem dos projetos de implantação de sistemas de produção de alimentos e de arranjos produtivos, desenvolvidos a partir de pesquisas da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias) do Meio Norte, em seis países da África - Moçambique, Camarões, Etiópia, Uganda, Gana e Tanzânia, com tecnologia repassada pela Embrapa Meio Norte para técnicos, agricultores e pequenos produtores e empreendedores africanos, em um programa financiado pela Fundação Bill Gates, criado da empresa de tecnologia Microsoft, e sua ex-mulher, Mellinda Gates.
A Embrapa possui hoje 132 ativos tecnológicos, sendo 16 liderados pela Embrapa Meio-Norte e que têm a abrangência de seis países da África: Moçambique, Camarões, Etiópia, Uganda, Gana e Tanzânia.
Na época, era secretário municipal de Habilitação, o economista, professor da Universidade Estadual do Piauí (Uespi) e pedagogo, Kleber Montezuma. Ele lembra que foi apresentar o Programa Vila-Bairro na China, acompanhado do ex-secretário municipal de Planejamento George Mendes, e em Nairóbi, acompanhado do então secretário municipal de Planejamento, José João. "O Programa Vila-Bairro era financiado pela Caixa Econômica Federal (CEF) e foi escolhido como o melhor dos projetos financiados pela Caixa e levado para encontros promovidos pela ONU, na China e no Quênia, para que a experiência de Teresina servisse de modelo para outros países.(E.R)
Projeto trouxe melhorias às comunidades
Teresina tinha 150 vilas e favelas e o Programa Vila-Bairro atuou em 37.820 domicílios. Era uma época de muitas invasões de terrenos urbanos e êxodo de piauienses do interior do estado para a capital Teresina.
"Fazíamos a regularização fundiária, a melhoria habitacional e construímos escolas, posto de saúde e Centros de Assistência Social em cada novo bairro", afirma Kleber Montezuma.
Se Teresina não tem aglomeração de favelas, casas em condições precária, feitas de madeira e papelão e ruas de traçados tortos tudo se deve ao Vila-Bairro."Vinha junto com a regularização fundiária, desde a pavimentação das ruas, a melhoria habitacional, a escola, a creche, a escola, os postos de saúde e o Centro de Atendimento de Assistência Social", recorda Kleber Montezuma.
Ele lembra que saíram da condição de vilas e se transformaram em bairros o Parque Mão Santa, Cidade Jardim, na zona Leste; o Parque Wall Ferraz, o Parque Firmino Filho, Vila Padre Eduardo e Vila Carlos Feitosa, na zona Norte; Vila Santa Cruz, Vila do CAIC, Vila Wall Ferraz, Vila São José da Boa Esperança, Vila Apolônia, e Vila Santo Antônio, na zona Sul.
"O êxito do programa fez com que fosse divulgado pela ONU como solução, alternativa para países que tinham os mesmos problemas enfrentados por Teresina", disse Kleber Montezuma.(E.R)
Pesquisas da Embrapa que exportam soluções
A chefe-adjunta de Transferência de Tecnologia da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa) Meio Norte, Fábia de Mello Pereira, disse que a instituição realiza pesquisas com as espécies de ocorrência natural na região Meio Norte, com as abelhas tiúbas, canudo, jandaíra e uruçuí amarela, mas trabalha também com apicultura, com as abelhas africanizadas, com ferrão.
Fábia de Mello afirma que as pesquisas da Embrapa Meio Norte são de produção de alimentos, como o feijão-caupi. “A Embrapa teve uma atuação muito forte com o feijão-caupi e nos últimos anos tem trabalhado com o feijão –mungo”.
Segundo ela, a Embrapa Meio-Norte está trabalhando em mais três frentes de pesquisa. São as pesquisas de desenvolvimento de cultivares de feijão-mungo para o agronegócio das Pulses no Brasil; desenvolvimento de ração à base de grãos proteicos para alimentação e nutrição de galinhas caipiras do Nordeste; e novos usos para os produtos das abelhas (Fábia Pereira – líder).
12 projetos em execução
A carteira de projetos da Embrapa Meio-Norte tem hoje 12 projetos em execução. São os projeto de conservação de recursos genéticos de insetos polinizadores; integração de atividades e viabilidade da pequena e média exploração do cajueiro no Nordeste do Brasil; estratégias para a sustentabilidade da produção orgânica irrigada na região Nordeste e influência das condições climáticas no manejo, produção e sanidade de abelhas Apis mellifera.
O Sistema Integrado de Produção de Alimentos da Embrapa se espalhou pelo país e já beneficiou mais de 4,5 mil famílias de 12 estados, além de estar operando com sucesso em sete países africanos.
Hoje, a tecnologia opera com sucesso nos estados do Piauí, Maranhão, Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Norte, Ceará, Pará, Acre, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Paraná. No continente africano, é empregada em Gana, Uganda, Etiópia, Camarões, Tanzânia, Angola e Moçambique.(E.R)