Um avião VC-99 B Legacy da Aeronáutica chegou a Brasília por volta das 5h15 deste domingo com 12 brasileiros que estavam no Chile no momento em que o país foi atingido por um terremoto que matou pelo menos 300 pessoas. A aeronave é a mesma que levou ao Chile o ministro da Justiça chileno, Jorge Toledo, e o procurador-geral da República, Chahuán Sabas. Antes de a aeronave retornar a Brasília, a embaixada solicitou o traslado de brasileiros que gostariam de voltar ao País. "É sempre um orgulho muito grande poder ajudar", disse o capitão Wilson, comandante da aeronave.
A Aeronáutica afirma que a aeronave foi o primeiro avião estrangeiro a chegar depois da catástrofe. Segundo os pilotos, a pista e o controle de tráfego aéreo estão perfeitas em condições operacionais. O abalo se deu na infraestrutura do aeroporto.
Um dos resgatados pelo avião da Força Aérea Brasileira (FAB), a estudante brasileira Rafaela Link, que morava havia dois meses em Santiago, capital chilena, afirma que chorou ao pousar na Base Aérea de Brasília."Quando o avião pousou, eu chorei. Fiquei muito emocionada por estar de volta", disse Rafaela. As informações são da FAB.
"Parecia que tudo ia cair. Foi um pânico generalizado. Vi a morte bem de perto", disse a estudante à Aeronáutica. Ela se divertia com amigos em um bar com karaokê quando começou o tremor. Segundo a corporação, Rafaela não pretende sair tão cedo novamente do Brasil.
A turista Alexia Moecke estava dormindo em um hotel no momento do terremoto. "Uma maravilha. Eu estou em casa", disse. A primeira a desembarcar foi Tatiana Soares: "muito bom voltar ao nosso País maravilhoso. O que passamos lá foi uma situação muito ruim".
"Fiquei superfeliz em voltar", disse a enfermeira Petra Rangel, que estava em Santiago para um congresso que aconteceria no sábado e, devido ao terremoto, foi cancelado. Ela também estava dormindo no hotel quando ocorreu o tremor.
O Coronel da FAB Luiz Fernando Aguiar iria deixar o Chile no dia do terremoto, mas o aeroporto foi fechado e todos os voos comerciais foram cancelados. O oficial, que passou dois anos como adido da Aeronáutica no Chile afirma que o asfalto parecia uma folha de papel se mexendo. "Eu nunca tinha passado por uma situação como essa. Não era possível ficar em pé", disse. "O povo chileno merece todo nosso apoio", afirmou o oficial.
Tragédia no Chile
Centenas de pessoas morreram após o terremoto de 8,8 graus na escala Richter registrado na madrugada de sábado (27) no Chile. A contagem de corpos chega a pelo menos 300, e o número de afetados, de 2 milhões, segundo o governo. A presidente Michelle Bachelet declarou "estado de catástrofe" no país.
O tremor teve epicentro no mar, a 59,4 km de profundidade, na região de Maule, no centro do país e a 300 km ao sul da capital, Santiago. Por isso, foi enviado um alerta de tsunami ao chile, Peru e Equador. Segundo fontes oficiais, o terremoto aconteceu às 3h26 pelo horário local (mesmo horário em Brasília). O número de vítimas mortais e de feridos pode aumentar.
Efeitos do estrago
Os danos materiais do terremoto ainda estão sendo avaliados. O muro de uma prisão veio abaixo com o abalo sísmico, o que causou a fuga de mais de 200 detentos na cidade de Chillán, a 401 quilômetros de Santiago. O aeroporto internacional de Santiago foi fechado devido a alguns danos em suas instalações, e várias pontes ficaram danificadas. A luz e o serviço de telecomunicações estão cortadas na região metropolitana e em Valparaíso foram registrados danos internos em edifícios. Os bombeiros correm as ruas de Santiago com megafones dando instruções à população.
Em alguns lugares, falta água potável. Pelo menos três hospitais na capital desabaram e na cidade de Concepción, cerca de 400 km ao sul de Santiago, o edifício do governo local desmoronou e pacientes estavam sendo transferidos dos hospitais, segundo rádios chilenas.
Mais forte que no Haiti
O movimento sísmico, muito mais poderoso que o mortífero terremoto que devastou o Haiti em janeiro, também causou pânico no popular balneário de Viña del Mar. De manhã, policiais e bombeiros percorriam as ruas em distintas cidades do país para verificar a magnitude dos danos e socorrer vítimas.
O terremoto ocorreu poucos dias antes de completar 25 anos do sismo que causou centenas de vítimas e destruiu várias localidades no litoral central do Chile, em 3 de março de 1985.