Um engano na hora de identificar o corpo de um jovem fez com que uma família do interior de São Paulo velasse, durante cerca de 14 horas, um filho que estava vivo. Tudo começou quando os pais de Everton dos Santos, 23 anos, foram chamados pelo pronto-socorro para reconhecer o corpo do filho, que havia morrido por mal súbito.
A família era atendida pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) de Mirassol (SP), onde o rapaz, usuário de droga, vive como morador de rua. A mãe ligou então para o órgão na quarta-feira para comunicar a morte e pedir orientação. "Enviamos o pai (Adalto) e a mãe (Elza) para que fossem reconhecer o corpo em São José do Rio Preto. Eles foram lá e disseram que se tratava do filho deles", contou a coordenadora do Creas, Maria Estela Bernardes.
Em seguida, providenciaram o velório no cemitério municipal. Por volta das 11h de quinta-feira, um outro rapaz que morava com Everton foi até o Creas e levantou a suspeita, dizendo que o jovem estava vivo. "Diante disso, pedimos a um funcionário para fazer uma busca por Everton. Ao chegar ao local onde vivia, disseram que ele havia dormido lá, mas que não estava no momento. Entramos em contato então com a funerária e pedimos para adiar o enterro", disse Maria Estela.
Everton foi achado cerca de 30 minutos antes do horário previsto para o sepultamento do corpo. "Os técnicos (do Creas) levaram o filho nas imediações do cemitério municipal e falaram com a mãe. Quando foi confirmado o engano, os dois foram à delegacia para registrar ocorrência", explicou.
A coordenadora disse que os pais não tinham uma convivência diária com o filho. "Segundo a mãe, ela reconheceu o filho na emoção da notícia de sua morte", relatou. Além disso, como o corpo estava com a pele arroxeada, ela teria dito que isso dificultou o reconhecimento.
Em duas semanas, Everton deve ser internado em uma instituição para dependentes químicos. O Creas não soube informar a identificação da pessoa que morreu, mas disse que o corpo já foi reconhecido por outra família.