Festas podem aumentar casos de depressão

Para alguns, o período gera um sentimento de vazio existencial, são sintomas muito semelhantes, como palpitações, inquietude, sentimentos negativos

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Você chegou ao Natal e até conseguiu um sorriso para se alegrar na data. Tomando fôlego, se prepara para o Ano Novo pensando "passa logo".  Nessa época de confraternizações, muita gente costuma ficar “mais pra baixo que pra cima”, e saiba que não está sozinho. De acordo com especialistas, as festas de fim de ano podem aumentar casos de depressão com a chamada Síndrome do Fim de Ano ou Dezembrite.

O JMN conversou com os psicólogos Jean Lustosa e José Augusto, que explicam que ficar “na bad” nessa época do ano é mais comum do que se imagina. Segundo eles, é bem verdade que, para algumas pessoas com predisposição à depressão, os meses finais do ano, como novembro e dezembro, podem iniciar ou agravar os casos de ansiedade e depressão.

O psicólogo Jean Lustosa explica por que muitas pessoas entram nesse quadro nessa época em que muitos estão felizes. “Ao findar o ano, ao fazermos nossos balanços pessoais, nós nos damos conta de que algumas promessas feitas no final do ano passado não foram cumpridas, tais como a mudança do estilo de vida, a realização disciplinada de atividade física, aquela dieta que não perseverou, parar de fumar, além das separações e perdas de pessoas queridas que aconteceram ao longo do ano”, justificou.

Reprodução

Nos países do Hemisfério Norte, a diminuição dos períodos de sol por causa do inverno é um dos principais fatores da Síndrome, mas no Brasil, com os dias ensolarados, essa justificativa se enfraquece. O psicólogo esclarece o que causa esse fenômeno.

“O que realmente agrava é uma sensação de incompetência em decorrência da não mudança de atitude frente às promessas feitas ao final do ano anterior. Some-se a isso a exposição excessiva nas mídias sociais de pessoas conhecidas, bem produzidas e sorridentes nas confraternizações. Isso dá a impressão de que ‘todos são felizes, menos eu’. E se a pessoa não tem uma habilidade social muito desenvolvida, a tendência é procurar o isolamento, em que se acirra mais ainda os sintomas da depressão”, ilustra.

As chamadas “depressões sazonais”, as “bads” de fim de ano, são, conforme o especialista em saúde mental, José Augusto, resultado da somatória de alguns fatores que incluem redes sociais, reflexões pessoais, a mídia e uma tendência natural ao ser humano de pensar sempre naquilo que lhe falta.

“Enquanto tem pessoas que estão no auge da felicidade porque acham o Natal o momento mais feliz do mundo, tem outras pessoas que não gostam, não colocam enfeites em casa porque perderam um ente querido, porque acham que a família não é mais a mesma e têm problema e querem é que esse período passe logo, é comum”, analisa.

Segundo o psicólogo, é quase como se, para alguns, o período gerasse um sentimento de vazio existencial, são sintomas muito semelhantes, como palpitações, inquietude, sentimentos negativos.  “Trabalhamos muito no consultório que a pessoa não pode perder a sua identidade, buscar o sentido da sua vida, seja ele qual for. Você pode se divertir, mas também ajudar as pessoas e ocupar a cabeça de várias maneiras para que não fique sozinho e não deixe esse pensamento tomar conta da nossa cabeça. Quando esses pensamentos nos invadem, quanto mais só a pessoa tiver, maior vai ser a atuação desses pensamentos na mente da pessoa”, alerta José Augusto.

O ideal seria procurar ajuda de um profissional qualificado, como um psicólogo, para conversar sobre essa angústia que vai aumentando à medida que o ano vai se encerrando. “O grande problema é que a maioria das clínicas entra de recesso do dia 20/12 à primeira semana de janeiro, exatamente no período em que surgem essas depressões sazonais”, diz Jean Lustosa.

Esse problema sentido por muitas pessoas já vai impactar no próximo mês a campanha Janeiro Branco, “justamente para desembocar nesse processo em que você termina o ano e quando começa o outro quer incentivar as pessoas a recomeçar, a traçar novos objetivos, novas experiências”, contrapôs José Augusto.

Dicas para não se afundar

Para ajudar a passar numa boa as próximas semanas, os profissionais separaram algumas dicas valiosas. Confira:

  1. - Buscar fazer algo de útil. A falta do senso de utilidade leva o ser humano a graves problemas existenciais, pois a vida perde totalmente o sentido. Eu existo enquanto eu sirvo para alguma coisa, quando eu perco a minha função social, eu caio num vazio enorme.
  2. - Contato com a natureza, afinal de contas não tem nada que facilite mais o nosso equilíbrio do que o contato com a natureza, podendo ser praia, mato, rio ou cachoeira. Uma boa caminhada num local com muitas árvores é super-restaurador.
  3.  - Dê uma baixa nas roupas que há muito tempo você não usa e dê para alguém que precisa.
  4.  - Evite assistir a dramas e dê preferência às comédias.
  5.  - Sentir a dor da perda de pessoas queridas é inevitável, principalmente nesse período de festas, porém sinta a dor sem precisar se aniquilar por completo. A pessoa que partiu certamente não iria querer ver você sofrendo tanto assim.
  6. - Evite se violentar e faça o que for leve para você e evite o pesado. Se participar daquela confraternização da firma com aquelas pessoas for muito custoso para você, não vá. Mas não fique em casa no isolamento, busque aquela prima ou alguma colega legal que há muito tempo você não vê e marque um café ou um caranguejo.
  7. - Seja qual for o seu credo, utilize a fé como saída.
  8. - Ocupe a cabeça com atividades que tragam satisfação.

 

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