A menina de 7 anos que testemunhou o esfaqueamento e morte da mãe, na noite da última quinta-feira (14), na região central do Rio, ainda não sabe que está órfã. A família resolveu preservar a criança e esperar um momento em que todos estejam mais calmos para explicar o fim dessa história trágica. Segundo o tio-avô dela, Tobias Luiz Silveira, de 68 anos, a garota saberá apenas na tarde deste sábado que a mãe morreu.
"Nós deixamos a menina na casa de uma tia, em Pilares (na Zona Norte), para mantê-la afastada dessa história. Mas vamos conversar com ela hoje, não tem mais como esperar. Ela será levada para a minha casa, em Copacabana (na Zona Sul), que é um local diferente do que ela vivia. Ela já morou lá e, inclusive, tem amigos no bairro" revela o tio.
Ainda segundo ele, que é militar reformado do Exército, uma reunião familiar será realizada o mais breve possível para decidir com quem a menina, que tem um irmão mais velho, ficará.
"Já deixei claro para todos o meu desejo, e da minha mulher, de criarmos a nossa sobrinha. Vamos procurar a ajuda de um psicóloga", adianta Tobias, que acrescenta: — Segunda-feira eu irei à delegacia para tomar as medidas necessárias.
Menina prestará depoimento
Segundo o delegado Fábio Cardoso, titular da Delegacia de Homicídios, a menina prestará depoimento em um momento oportuno.
"Estamos em contato com a família para que, numa hora mais adequada, a criança possa ser ouvida. Nós temos profissionais especializados no atendimento de crianças e que vão nos ajudar nessa investigação" afirmou.
O Crime
Christiane de Souza Andrade, de 46 anos, saiu de casa, no Estácio, para fazer compras rápidas em um mercado a poucos passos de distância, no início da noite de quinta-feira. Em vez de voltar com os mantimentos, perdeu a vida ali mesmo, na porta do estabelecimento, situado a pouco mais de 300 metros do Hospital Central da Polícia Militar e a 800 do Centro Integrado de Comando e Controle do governo estadual. Diante da filha de 7 anos, que ainda tentou socorrê-la, foi, segundo testemunhas, esfaqueada duas vezes no pescoço por um dos muitos usuários de droga que perambula recorrentemente pela região.