Os filhotes de Gavião-carijó, que foram retirados do ninho construído em uma árvore no quintal de Sandra Machado Faria, estão recebendo tratamento veterinário no Zoológico Municipal de São José do Rio Preto (SP).
O resgate dos animais foi feito após a moradora relatar à Polícia Ambiental que estava sendo atacada pelos pais das aves toda vez que precisava sair de casa.
Para retirar os filhotes, os bombeiros usaram um caminhão equipado com uma escada elevatória para alcançar a árvore onde estava o ninho. A Polícia Ambiental acompanhou e autorizou a ação realizada nesta quinta-feira (26).
Em entrevista ao G1, o gestor e veterinário do Zoológico Municipal de Rio Preto explicou que os filhotes possuem entre 50 e 60 dias. Ambos permanecem em processo de adaptação e ainda não há prazo para serem soltos.
“Estamos realizando o acompanhamento e trabalhando na adaptação da dieta e do local. Os filhotes agora serão tratados como órfãos. Portanto, temos que seguir um procedimento para eles conseguirem retornar à natureza. Se eles não estiverem adaptados, podem morrer porque não sabem se alimentar sozinhos”, afirma Ciro Cruvinel.
"Eles estão sendo alimentados com carne de frango e bovina. Nós fazemos um rodízio para fazer com que eles se alimentem da melhor forma e tenham um cardápio variado", diz o gestor do Zoológico de Rio Preto.
Transtornos
De acordo com Sandra, os ataques sofridos por ela tiveram início há um mês depois que um casal de gaviões começou a usar um ninho localizado em uma árvore plantada dentro do quintal dela.
Além de causar machucados no rosto da moradora, o gavião estava a atrapalhando, principalmente, na hora de levar a filha, de 6 anos, à escola e o filho cadeirante, de 2 anos, para receber tratamento na Associação de Apoio a Criança Deficiente (AACD).
“Eu estou aliviada, mas confesso que ainda vou tomar um certo cuidado. Foram dias complicados. Mas agora acho que posso voltar minha vida ao normal”, afirma a dona de casa.
Apesar dos filhotes terem sido retirados, os pais ainda permanecem rondando a casa de Sandra. Contudo, a Polícia Ambiental informou que ambos devem sair da região nos próximos dias.
Gavião-carijó
De acordo com o médico veterinário, Halim Atique Neto, o Gavião-carijó não costuma atacar seres humanos. No entanto, a situação pode ocorrer quando os pais acreditam que os filhotes estão em perigo.
Embora essa espécie possa ser confundida com outras, o Gavião-carijó se distingue pela ponta do bico negra com base amarelada, a cabeça e a parte superior das asas amarronzadas, que podem se tornam cinzas à medida que ele envelhece.
Além disso, a espécie possuí o peito ferruginoso, com a barriga e as pernas brancas, levemente barradas com listras ferrugíneas.
Também conhecido como gavião-marrom, a ave é uma ótima caçadora e exerce um trabalho responsável por manter o equilíbrio da fauna atacando ninhos de bem-te-vis, tesourinhas e suiriris.
Quando uma fêmea e o macho se unem, ambos assumem a construção do ninho, normalmente feito de gravetos e revestido de folhas, que fica localizado no alto das árvores.
A fêmea costuma botar, em média, 2 ovos, dos quais cuida de encubar. Enquanto ao macho cabe cabe a tarefa de alimentá-la no período de um mês, tempo que leva o processo de reprodução.