É comum o relato de mulheres que já passaram por alguma experiência constrangedora ou têm preocupações pessoais relacionadas à menstruação. O problema é que muitas delas ainda consideram o tema tabu, seja por se sentirem descofortáveis em falar sobre o assunto, achando que essa conversa não é necessária, ou por pressão da sociedade, o que resulta na falta de conhecimento sobre problemas que podem ser até de saúde e condições que não devem ser considerados normais, como é o caso do sangramento uterino anormal, conhecido como SUA.
O SUA é caracterizado pelo fluxo menstrual intenso e apresenta sinais como: duração da menstruação por mais de oito dias, necessidade de troca de absorventes a cada duas horas no máximo ou do uso de absorvente interno ao mesmo tempo que o comum, além de preocupação constante com vazamentos. "Esses fatores provocam um impacto negativo na qualidade de vida das mulheres em situações sociais e de rotina, como durante a prática de exercícios físicos, além de oferecerem risco à saúde - em casos mais graves, há perda significativa de ferro e outros minerais e até anemia", explica a ginecologista Dra. Thais Ushikusa.
A depender da causa, a condição pode vir acompanhada de outros sintomas, como perda sanguínea fora do período menstrual, dor ou cólica intensa durante a menstruação, dor pélvica, cansaço, fraqueza.
Não é normal
Estudos apontam que uma a cada três mulheres podem conviver, pelo menos em algum momento de suas vidas, com SUA. Porém, a maior parte delas acredita que esse fluxo excessivo seja comum e/ou apenas uma característica particular. Uma pesquisa online realizada pela Bayer com mil mulheres, de perfis e faixas etárias diferentes, de cinco países (Canadá, Estados Unidos, França, Rússia e Brasil), apontou que a maioria delas (80%) se preocupam com possíveis acidentes relacionados à menstruação, e 70% evitam atividades sociais devido ao fluxo intenso, já que duas em três já tiveram experiências constrangedoras. Porém, apesar dos indícios de que o fluxo não é normal, muitas delas, especialmente as jovens, acreditam que não precisam de ajuda para lidar com isso.
Não à toa, a pesquisa mostrou que há uma demora de cerca de três anos desde os primeiros sintomas até que a mulher tome uma atitude e discuta o assunto com um médico. "É importante que elas tenham em mente que se o sangramento é intenso a ponto de afetar sua rotina, esse pode ser um indício de que ela tenha SUA. Ou seja: é hora de quebrar tabus e buscar orientação no consultório médico", destaca.
O tratamento existe e deve ser considerado
"Entre as opções de tratamento, estão as não hormonais, como os anti-inflamatórios, e as hormonais, como as pílulas anticoncepcionais e o sistema intrauterino (SIU). Em alguns casos, também há a possibilidade de cirurgia. A paciente e a(o) ginecologista devem decidir juntos(as) a melhor abordagem, a depender da causa do problema, histórico médico e preferências", explica.
A educação é a aliada mais importante das mulheres nessa jornada. "É importante que elas conheçam a condição e entendam que SUA não é normal, ao mesmo tempo em que deve ficar claro que esse problema de saúde tem tratamento". A informação ajuda a aliviar o medo e a incerteza em relação à menstruação e faz com que as mulheres não se sintam sozinhas.