A dentista Delzuite Ribeiro de Macedo que teve a sua prisão decretada pelo juiz da 1ª Vara da cidade de São Raimundo Nonato, no último dia 8 de dezembro continua foragida. Delzuite é acusada pelos crimes de ameaça, lesão corporal tentada, injúria racial e racismo contra a também dentista Thaiane Neves e sua filha, uma bebê que na época tinha um mês.
Apesar de sua localização ser desconhecida, a dentista voltou a fazer ameaças através do seu perfil no Instagram. Delzuite fez as postagens no dia 26 de dezembro de 2018, segundo informa a petição dos autos.
“Falei e falo: Era pra ter dado uma pisa bem boa e arrebentar essa cara de c*, mas nunca é tarde. Eu moro bem, mas eu conheço São Miguel Paulista e baixada de Sampa muito bem. É só eu querer fazer desgraça que eu consigo”, escreveu ela em sua rede social.
O juiz destacou em sua decisão que é preciso assegurar a aplicação da lei penal, como também o fato de que não se sabe o local onde a dentista está depois de ter acabado o prazo de prisão temporária. “Além de prova da materialidade e indícios de autoria, entre os delitos imputados à ré encontra-se o crime tipificado no art. 20, §2º, da Lei n. 7.716/89, a qual define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor, punido com reclusão de dois a cinco anos e multa, preenchendo-se, portanto, o pressuposto do art. 313, I, do Código de Processo Penal. Além disso, a prisão é necessária para assegurar a aplicação da lei penal, por conveniência da instrução criminal e para garantir ordem pública […] demonstra sua deliberação intenção de não se submeter aos efeitos e eventual sentença penal condenatória, circunstancia concreta apta a justificar o seu cárcere cautelar”.
O caso repercutiu em todo o Piauí depois que a denunciada publicou texto de cunho racista em uma rede social. Durante as investigações, apurou-se que a ré ofendeu e ameaçou verbalmente uma colega dentista, prometendo causar-lhe mal. Pouco depois, Delzuite Ribeiro de Macêdo arremessou uma tesoura de costura contra o veículo em que se encontrava a vítima, bem como seu marido e a filha de ambos, que tinha apenas um mês de idade.
Na noite do mesmo dia, 06 de abril, a ré ofendeu a dignidade da vítima com texto preconceituoso e racista publicado no Facebook, praticando também discriminação contra um número indeterminado de pessoas. As expressões utilizadas pela dentista eram explicitamente racistas: “a senzala não saiu de você”, “nunca chegará ao meu tom de pele”, “eu não misturo meu sangue” e outras afins. Embora não tenha feito constar o nome da vítima nessa primeira postagem, a denunciada ratificou a agressão no dia 09 de abril, fazendo citação nominal.
O mandado de prisão de Delzuite Ribeiro de Macêdo foi incluído no Banco Nacional de Mandados de Prisão do Conselho Nacional de Justiça. Ao ser cumprido, a dentista ficará presa na Penitenciária Feminina de Teresina.
Delzuite foi presa no dia 17 de abril após cumprimento de um mandado de prisão expedido pela polícia. A acusada se encontrava na casa de hospedagem do Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Piauí (SINTE-PI), no Centro de Teresina.