O preconceito caminha junto com a mentira, a truculência, e o autoritarismo – sem eles, o preconceito simplesmente não se comprova. Em 2007, o ex-presidente do Irã Mahmoud Ahmadinejad declarou, em fala na Universidade de Columbia, que, diferentemente dos EUA ou do resto do ocidente, os homossexuais não existiam em seu país. O Irã é um dos oito países do mundo em que a homossexualidade não só é crime, como pode ser punida com a morte.
Aos homossexuais iranianos, resta esconder a própria sexualidade e, com isso, a si mesmos – ou deixar o país. Foi para tentar devolver a identidade dessas pessoas, e para expor a real fragilidade em que se baseiam os preconceitos, que a fotógrafa suíça de origem iraniana Laurence Rasti desenvolveu o projeto There are no homossexuals in Iran (Não existem homossexuais no Irã). Nele, a fotógrafa registra refugiados iranianos que fugiram para a Turquia a fim de poderem viver a própria sexualidade sem que, com isso, coloquem em risco suas vidas.
Laurence sabia que não poderia fotografar o rosto de seus modelos, ou possivelmente estaria os condenando à morte. Antes de fotografa-los, porém, ela decidiu por conhecer seus personagens, passar um tempo com eles, tornando-se amiga de seus retratados. Assim, ela entendeu que não era somente da guerra que os refugiados fugiam – era também do próprio costume local que os perseguiria.
As fotos foram tiradas em Denizli, uma pequena cidade turca, junto de uma ONG que trabalha com refugiados, e serão transformadas em um livro em 2017. Não só uma denúncia, o projeto procura também explorar e deixar respirar as sentimentalidades, os direitos e a própria identidade dessas pessoas, que nada fizeram senão amar, para além de gêneros, rótulos ou preconceitos – e que, para não mais precisarem se esconder, tiveram de deixar o próprio país.