As chamas do incêndio que destruiu parte da catedral de Notre-Dame, em Paris, foi apagado nesta terça-feira (16), porém, ainda persistem dúvidas sobre a resistência da estrutura do ponto histórico da cultura europeia e testemunha da história da França, que começa a planejar a reconstrução da igreja.
Em solidariedade, vários líderes internacionais e famílias ricas francesas ofereceram ajuda para a restauração. Ministros franceses estão reunidos para preparar um plano de reconstrução, sob direção do primeiro-ministro Edouard Philippe. Participam os chefes das pastas de Cultura, Franck Riester, e de Contas Públicas, Gérald Darmanin; o secretário de Estado francês do Interior, Laurent Nuñez; e a porta-voz do governo, Sibeth Ndiaye.
"Todos juntos reconstruiremos Notre-Dame", escreveu o premier no Twitter.
Notre-Dame acompanhou a história de Paris desde a Idade Média. Seus sinos anunciaram, em 24 de agosto de 1944, a libertação do jugo nazista e no templo aconteceram os funerais de vários chefes de Estado, como Charles de Gaulle e François Mitterrand.
Durante a noite de segunda-feira, centenas de pessoas se reuniram para rezar diante da catedral, algumas sem conseguir conter as lágrimas. Também aplaudiram a passagem dos bombeiros.
O caso
Milhões de pessoas em todo o planeta acompanharam a evolução das chamas, que arderam intensamente durante mais de 12 horas, depois que o incêndio começou na parte superior da catedral gótica, destruindo parte do teto e sua emblemática flecha.
Na manhã desta terça-feira, o porta-voz do corpo de bombeiros de Paris, Gabriel Plus, anunciou que o incêndio foi totalmente apagado por volta de 10h (5h em Brasília).
— Todo o fogo está apagado. Entramos na fase da perícia — disse Gabriel Plus à imprensa, diante da catedral.
De acordo com ele, as chamas se "propagaram muito rapidamente pelo conjunto do teto, em quase mil metros quadrados”.
— A tarefa dos bombeiros de Paris até esta manhã era preservar os dois campanários, Norte e Sul, para assegurar que as torres não fossem afetadas — acrescentou.
Os bombeiros prosseguem com o trabalho diante dos olhares tristes de parisienses e turistas, que se aproximaram para observar o estado da catedral, no coração de Paris, às margens do rio Sena. Plus detalhou um balanço material "dramático".
— Todo o teto foi atingido, parte da abóbada caiu, a flecha não existe mais — confirmou o porta-voz.
As duas torres emblemáticas permaneceram de pé, assim como a grande rosácea da fachada sul, mas uma porta parcialmente aberta permitiu observar uma pilha de escombros e algumas vigas no chão da catedral.
O secretário de Estado francês do Interior, Laurent Nuñez, anunciou uma reunião com especialistas e arquitetos para tentar determinar "se a estrutura é estável e se os bombeiros podem avançar no local para continuar sua missão".
Os bombeiros já entraram durante a noite "com muita coragem" nas torres para combater a tragédia por dentro e "evitar justamente que desabassem", explicou o ministro.
— O pior foi evitado — afirmou na segunda-feira o presidente Emmanuel Macron diante da catedral, visivelmente emociado. — Nós vamos reconstruir.
Restaurar o edifício levará anos de obras, indicou o novo presidente da Conferência Episcopal da França, Eric de Moulins-Beaufort.
O fogo queimou a base de madeira do teto de mais de cem metros de comprimento, conhecido como "o bosque" pelo grande número de vigas que foram utilizadas para sua instalação, assim como o pináculo (a flecha) de 93 metros de altura, um dos símbolos de Paris.
O incêndio está "potencialmente ligado" às obras de restauração do teto, e o Ministério Público abriu uma investigação judicial por "destruição involuntária". O procurador de Paris disse nesta terça-feira que o incêndio é tratado como acidente, e não como crime.
A presidente da Liga de Futebol Profissional da França (LFP), Nathalie Boy de la Tour, prometeu nesta terça-feira que o esporte "se mobilizará para ajudar economicamente a reconstrução" de Notre-Dame. Na ocasião, ela apresentou um patrocínio com uma ONG e anunciou um esforço coordenado entre atores do futebol na ajuda.