Tabagismo causa danos à saúde e também prejudica as suas finanças pessoais

Os gastos mensais para quem fuma com frequência podem chegar a mais de R$ 200.

Fumar também prejudica as suas finanças pessoais | Reprodução
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Quem é fumante sabe, além de fazer mal à saúde, fumar é também um peso no orçamento familiar. Apesar de dar aquela ?tragadinha? estar ficando cada dia mais difícil com as muitas restrições quanto aos locais destinados aos fumantes, quem fuma sempre dá um jeito e acaba comprometendo suas finanças pessoais para manter o vício.

Dados da Pesquisa Especial de Tabagismo, feita pelo Instituto Nacional do Câncer, Inca, revelam o quanto o vício compromete o orçamento doméstico.

A pesquisa revela que em uma família composta por um casal de fumantes, com idade entre 45 e 64 anos, moradores de uma cidade da região Sudeste do país gastam, por mês, somente com cigarros, cento e vinte e oito reais e sessenta centavos. Dentro da realidade piauiense, um exemplo é a autônoma Maria Francisca de Sousa Pereira, 47 anos.

?Eu fumo desde os 15 anos de idade e hoje fumo uma carteira de cigarro por dia. Antes, quando eu era mais jovem, saía e bebia mais, fumava de duas a três carteiras e isso me custou caro, tanto para a saúde quanto no bolso.

Acho que se tivesse guardado esse dinheiro, hoje já teria me livrado do aluguel?, conta a autônoma que, mesmo assim, não admite a possibilidade de parar de fumar.

Colocando na ponta do lápis, os gastos da entrevistada não são poucos, mesmo hoje ela fumando menos do que quando jovem. Com o consumo médio de uma carteira de cigarro por dia - que custa em torno de R$ 7,00 - em 30 dias o gasto com o vício é de R$ 210,0.

Por ano, a despesa dela com o vício chega ao total médio de dois mil, quinhentos e vinte reais. ?Dava para comprar várias coisas, viajar, não é mesmo? Mas eu acho melhor nem pensar?, conta.

Os economistas explicam que as pessoas que fumam não atentam tanto para os gastos totais com a compra de cigarros porque é um bem de consumo imediato, como se fosse um alimento.

Fato que faz com que se abra mão da compra de bens de consumo duráveis, como eletrodomésticos e eletrônicos, em troca do prazer efêmero de fumar.

Segundo a pesquisa do Inca, um fumante de baixa renda, que recebe um salário mínimo compromete ainda mais a sua renda com o vício.

O gasto registrado para esse perfil de consumidor é, em média, de R$ 55 reais em cigarro, ou seja, compra até R$ 150 reais em maços de cigarro por mês. Os valores da pesquisa foram calculados com base em 2008, quando o salário mínimo era de R$ 415 reais.

"Não estou mais aguentando os gastos"

No cigarro o princípio ativo é a nicotina, substância que causa dependência química e psicológica, por isso, para a grande maioria das pessoas que fumam, parar com o vício é tão difícil.

"Eu fumo faz bastante tempo, mas não aguento mais e tenho a intenção de parar. A gente gasta deamais, é absurdo", explica o auxiliar administrativo Antônio Carvalho.

O tabagismo é o responsável por desencadear cerca de 50 doenças, entre elas infarto, câncer de pulmão e laringe.

Além dos gastos para a manutenção do vício com a compra de cigarros, também entram os gastos com a saúde recorrentes da prática contínua de fumar.

"Minha mãe não admite, mas ela já perdeu todos os dentes por conta do vício de fumar. Todos os dentes dela, sem exceção, hoje são implantes que eu paguei, um tratamento que como se sabe não saí nada barato e demora para ser feito.

Minha preocupação é o risco de um câncer de boca ou de pulmão, que o tratamento é demorado e também caro, fora o risco de morte", desabafa a supervisora administrativa Vanessa Ribeiro.

Dados de 2011 revelam que cerca de 15% da população, acima de 15 anos, é fumante. A informação se torna preocupante, já que a maioria das pessoas que contribuem para esta afirmação são jovens que precocemente se tornam fumantes e não observam os riscos que isso traz à saúde.

Gastos extras relativos ao fumo também pesam no orçamento

Para a maioria dos entrevistados, a possibilidade de parar de fumar é vista como algo difícil de tornar viável, mas a determinação é um ponto culminante. "Eu fumava por ansiedade, pesava 43 quilos e desenvolvi uma gastrite nervosa.

Fumava quase três carteiras de cigarro por dia, um atrás do outro. A vida era um inferno porque você começa a achar que o cigarro é normal. Contudo, quando decidi parar foi de uma vez.

Muitas pessoas se admiram de como consegui isso, mas hoje já se vão mais de 15 anos que eu pus o último cigarro na boca e não gasto mais com isso", revela a costureira Carmelita Marreiros.

Quando indagada sobre os gastos que tinha para manter o vício, a costureira lembra que não é apenas o cigarro que contribui para esta conta ser cara no fim do mês.

"Fora que não é só o cigarro, porque gasta com isqueiro, com balinha pra depois que fumar não ficar com gosto de cigarro na boca e outras coisas", completa Antônio Carvalho.

Por hora, se você ainda não se convenceu a parar de fumar, talvez os "modestos" valores que se mostrou ao longo da matéria para um fumante manter o vício seja um bom motivo. Outra opção é avaliar a relação do custo-benefício e o ganho em qualidade de vida que se pode ter largando o vício.

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