Funcionários da Uber são acusados de perseguir famosos

Eles são acusados de usar dados para perseguir famosos

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Um ex-funcionário da Uber nos Estados Unidos fez uma queixa, em outubro, acusando a empresa de negligenciar aspectos de segurança. De acordo com seu depoimento perante uma Corte da Califórnia, os dados dos usuários do aplicativo ficam abertos a todos os empregados da companhia – e não apenas a equipe de segurança – em uma “planilha do Google insegura” e quem trabalha na empresa pode “rastrear políticos, celebridades e mesmo conhecidos pessoais, como ex-namorados/namoradas e ex-marido/esposa”.

Demitido em fevereiro, Ward Spangenberg trabalhou na área de segurança e desde maio está processando a Uber por difamação, discriminação por idade (ele tem 45 anos) e demissão injusta. O profissional entrou na companhia em março de 2015 e diz que frequentemente questionava atos considerados ilegais e que tomavam forma dentro da companhia.

Ele disse ao Reveal News que funcionários da Uber ajudaram conhecidos a perseguir ex-namoradas e pessoas públicas como a cantora Beyoncé: “não era preciso ter a aprovação de ninguém [para acessar dados pessoais de usuários]”, disse ao site. Outros cinco funcionários da empresa também denunciaram o acesso indiscriminado.

Além disso, a companhia teria apagado dados que legalmente deveria manter e criptografar informações que obrigatoriamente deveriam estar à disposição de autoridades no país. A legislação dos EUA, assim como a brasileira, exige a manutenção de determinados dados em caso de necessidade de investigação criminal.

Termos de segurança

Na lista de seus termos de privacidade, a Uber lista as informações a que tem acesso quando o usuário faz seu cadastro. Em termos gerais: localização; informações de contato; transações financeiras; uso do aplicativo; informações de dispositivo (modelo, sistema operacional, número de série, entre outros); dados de chamada e SMS; dados de registro, como IP, tipo de navegador e “serviço utilizado antes de interagir com os nossos Serviços”.

Quanto ao uso das mesmas, a empresa escreve que pode usar os dados coletados para melhorar o serviço; executar operações internas; enviar ou facilitar comunicações e comunicados. De acordo com os termos, as informações poderão ser armazenadas “nos Estados Unidos e em outros países cujas leis de proteção de dados sejam menos rigorosas quando em comparação às leis da região em que você reside” quando necessário.

Ao Reveal News, a Uber disse manter políticas estritas para proteger dados de consumidores e colaborar com procedimentos legais. Também afirmou ter demitido funcionários (“menos de dez”) por acesso impróprio a informações.

As fontes do site disseram a Uber se vale de um “código de honra”, cujos termos deveriam garantir que funcionários não abusem das informações às quais têm acesso. Não haveria, todavia, nenhuma ferramenta prática para manter empregados longe de dados confidenciais de usuários.

Contatada, a assessoria de imprensa brasileira da companhia disse que a Uber "conta com centenas de especialistas em segurança e privacidade" com foco em proteção de dados.

"Isso inclui a implementação de políticas rigorosas e controles técnicos para limitar o acesso aos dados dos usuários a funcionários autorizados apenas para fins profissionais", disse a empresa, em comunicado. "Todas as potenciais violações serão investigadas de forma rápida e rigorosa", concluiu. 

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