O furacão Irma chegou no domingo (10) à Flórida com menos força do que esperado. Ainda assim, ventos de até 215 km/h deixaram ao menos três mortos no Estado.
Na madrugada desta segunda (11), o furacão foi rebaixado para a categoria 1. O Irma chegou a ser classificado como de categoria 5 - a mais alta - quando passou pelo Caribe, onde ao menos 27 morreram nos últimos dias. Na manhã deste domingo, ele chegou as ilhas Keys, ao sul da Flórida, como um furacão de categoria 4, e foi rebaixado por duas vezes durante a tarde: primeiro para a categoria 3 e depois, 2, com ventos de até 177 km/h.
Na noite de domingo, o Irma tinha chegado a Naples, na costa oeste da Flórida, e a previsão era que o olho do furacão atingisse Tampa na madrugada de segunda (11).
A previsão da rota do Irma mudou nos dois últimos dias. No início, a expectativa era que a costa leste, onde fica Miami, fosse a parte mais afetada. A maior parte dos 6,5 milhões de moradores do Estado quase um terço da população total que receberam ordem para deixar suas casas vive na região leste.
No entanto, como o olho do furacão tem 40 km de diâmetro e gera fortes ventos e chuvas num raio de 600 km, a previsão era de tempestade para todo o Estado.
O empresário brasileiro Anderley Mello Junior, 36, que vive em Tampa há 12 anos, havia se preparado no fim da semana para permanecer em casa durante a passagem do Irma, mas não contava que a cidade estaria na rota do olho do furacão.
No fim da manhã de domingo, ele se mudou com a mulher, os filhos de 9 meses e de 4 anos, a mãe e a irmã para um abrigo em uma igreja, onde dormiriam em colchonetes. Na noite de domingo, havia 85 pessoas no local. Na casa da família, eles guardaram objetos de valor e retiraram quadros das paredes.
"Ficamos supernervosos quando a rota mudou, mas agora, vendo as notícias, descobri que ele virou categoria 2. Até falei para a minha mãe, que insistiu para que viéssemos para o abrigo, que não precisávamos ter saído de casa", disse por telefone, no início da noite, quando já chovia forte e os ventos eram ouvidos da igreja.
ALAGAMENTOS
Imagens mostravam casas destruídas e ruas alagadas em diversas cidades do Estado neste domingo. O governo estadual informou que cerca de 4 milhões de pessoas já estavam sem energia elétrica. O conserto das redes de fiação deve levar semanas.
O presidente Donald Trump anunciou que irá visitar a Flórida "muito em breve" sem especificar uma data, e assinou uma declaração de desastre para o Estado, autorizando um reembolso federal de 100% com gastos de emergência.
"Eu acho que a parte pior está começando agora", disse Trump, que classificou o Irma como um "grande monstro". "Você não gostaria de estar nesta rota".
Desde o início da semana, o governo da Flórida vinha determinando a retirada compulsória de diversos condados mais próximos da costa leste, que representavam mais riscos. Muitos moradores, contudo, preferiram permanecer em suas casas.
A maior e mais antecipada preparação do que a vista no Texas, atingido há duas semanas pelo furacão Harvey, e a diminuição da força do Irma devem contribuir para um menor número de vítimas. As três mortes no Estado foram em acidentes de trânsito em meio à tempestade.
Os aeroportos de Fort Lauderdale, Tampa e Orlando estão fechados. Na área de Orlando, os parques Walt Disney World, Universal Studios e Sea World também fecharam suas portas pelo menos até esta segunda (11).
A American Airlines havia anunciado na noite deste domingo que retomaria alguns voos no aeroporto de Miami nesta segunda, mas voltou atrás depois de o aeroporto informar que permanecerá fechado na segunda. O terminal pode ser reaberto na terça-feira (12), mas não há nada confirmado.
Segundo o consulado brasileiro em Miami, houve poucas chamadas de brasileiros neste domingo para a força-tarefa montada em Orlando.
O Irma, que motivou uma das maiores remoções de moradores da história dos EUA, deve causar prejuízos de bilhões de dólares na Flórida, o terceiro Estado mais populoso do país.
FURACÃO ANDREW
Na última quarta (6), o governador da Flórida, Rick Scott, disse que o furacão Irma seria mais forte que o Andrew, que foi o mais destruidor no Estado, deixando 61 mortos em agosto de 1992.
Com ventos de 265 km/h, o Andrew chegou à Flórida ainda na categoria 5, sendo o terceiro furacão desse tipo a atingir os EUA, depois do Camille, em 1969, e do furacão do Dia do Trabalho, em 1935.
O Andrew causou estragos principalmente no condado de Dade, onde fica Miami —mais de 125 mil casas foram destruídas e 160 mil pessoas ficaram desabrigadas, segundo o "New York Times". Na rota do furacão em todo o país, 250 mil ficaram desabrigados.
A agência federal Administração Nacional Oceânica e Atmosférica diz que o furacão deixou estragos avaliados em US$ 27 bilhões na época (US$ 47,8 bilhões em valores atuais) o mais caro até então. Depois dele seria superado pelo Katrina (2005) e pelo Sandy (2012).
A devastação também quebrou ao menos nove pequenas companhias de seguros, que tiveram de arcar com US$ 10 bilhões em danos a imóveis. Levantamento do condado de Dade mostrou que 65 mil postos de emprego foram temporariamente perdidos.
MORTES NO CARIBE
O furacão deixou ao menos 27 mortos no Caribe, em San Martin, Ilhas Virgens, Anguilla, Porto Rico e Barbuda. Neste domingo, foram confirmadas mais duas mortes em Saint Martin.
Em Cuba, atingida pelo Irma na sexta-feira (8) e sábado (9), houve fortes inundações no litoral, de Matanzas a Havana, com ondas de seis a nove metros, segundo o Instituto de Meteorologia do país.
A água do mar golpeou o Malecón, a avenida costeira de Havana, e avançou por 250 metros da cidade. Ao menos 1,5 milhão de pessoas foram retiradas de suas casas na ilha. Não há informações sobre mortes em Cuba.