Gol deve para mais de 50 mil credores e supera Americanas em 5 vezes

A Americanas possui 9.000 credores, superando a varejista em cinco vezes, segundo as próprias estimativas da companhia

Gol deve para mais de 50 mil credores e supera Americanas em 5 vezes | Reprodução
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Conforme o pedido de recuperação protocolado no Tribunal de Falências dos Estados Unidos para o Distrito Sul de Nova York, a Gol deve para entre 50.001 e 100.000 credores. O jornal O Globo foi o primeiro a publicar o documento, revelando que os principais credores incluem o banco americano BNY Mellon (por dívidas financeiras), o Comando da Aeronáutica (por serviços de controle de tráfego aéreo e auxílio de navegação), a distribuidora de combustíveis Vibra (anteriormente conhecida como BR) e a fabricante de aeronaves Boeing. A Gol informou à Justiça americana a estimativa do número de credores. Por exemplo, a Americanas possui 9.000 credores, superando a varejista em cinco vezes, segundo as próprias estimativas da companhia. 

A dívida tem piso de US$ 1 bilhão (R$ 4,92 bilhões) e pode chegar a US$ 10 bilhões (R$ 49,2 bilhões) e fica em patamar similar aos ativos da aérea. Para comparação, os débitos da Latam em 2020 somavam cerca de US$ 18 bilhões (R$ 94,9 bilhões no câmbio atual) durante processo de reestruturação de dívida similar. O documento entregue pela Gol aponta apenas as 30 maiores dívidas, a 27 empresas. Esses compromissos somam um débito de R$ 4,76 bilhões, na cotação atual. O braço comercial da Boeing é a quarta maior credora, com R$ 75 milhões a receber.

Agências de risco estimam que a dívida total da Gol fique em torno de R$ 20 bilhões. Do total da dívida da empresa, cerca de R$ 3 bilhões vencem no curto prazo (em até 12 meses). A companhia, no entanto, não teria caixa suficiente para honrar esses compromissos, segundo pessoas a par das negociações. O problema da Gol, segundo agências de risco, não é operacional. Os resultados são positivos. No entanto, ela não tem novas garantias suficientes para trocar toda essa dívida vincenda.

No comunicado em que informou o pedido de reestruturação da dívida pelo chamado chapter 11 da lei americana, a Gol destacou que obteve um dos melhores resultados operacionais para companhias aéreas da América Latina, e o quarto trimestre consecutivo de margens operacionais altas.

"A receita operacional líquida da companhia atingiu recorde histórico de R$ 4,7 bilhões, com crescimento de 16,4% na comparação com o mesmo período do ano anterior, principalmente devido à contribuição significativa das receitas vindas das unidades do programa de fidelidade Smiles e das operações de carga Gollog, que cresceram juntas um total de 65,1% no 3T23 [terceiro trimestre de 2023] (vs. 3T22) e totalizaram R$ 412,6 milhões no período", diz.

A holding que controla a Gol incluiu no processo de recuperação judicial o programa de milhas Smiles (nos braços brasileiro e argentino), subsidiárias e também unidades financeiras Gol Finance -sediadas nos paraísos fiscais de Luxemburgo e Cayman- e de logísitca, GAC. Os fundos de investimento exclusivos Airfim e Fundo Sorriso também constam no processo.

(Com informações da FolhaPress - Pedro S. Teixeira)

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