Gol e TAM têm prejuízos com queda nas viagens a trabalho

No segundo trimestre, a Gol obteve um prejuízo líquido de R$ 715 milhões --equivalente ao prejuízo acumulado em 2011 (R$ 710 milhões)

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A reestruturação da Gol no início do ano, com cortes de 1.500 funcionários e eliminação de 130 voos deficitários, não foi suficiente para reverter o resultado da companhia.

No segundo trimestre, a Gol obteve um prejuízo líquido de R$ 715 milhões --equivalente ao prejuízo acumulado em 2011 (R$ 710 milhões).

Na segunda-feira, a TAM havia divulgado prejuízo ainda maior, de R$ 928 milhões no trimestre.

Os números refletem diretamente o impacto da desvalorização do real (de 23% no segundo trimestre ante igual período do ano passado) e a alta do querosene de aviação nos custos das empresas.

Mas a dificuldade em reverter o prejuízo reflete um possível esgotamento do modelo de negócios das duas maiores companhias, que operam aviões grandes, de mais de 160 lugares, conectando grandes centros.

Estudo do Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aéreas) mostra que o movimento nos aeroportos que as duas companhias priorizam, como Congonhas (SP), Brasília e Santos Dumont (RJ), cresceu bem abaixo da média do país, de 8% no semestre.

No caso de Congonhas, principal fonte de lucratividade para as duas empresas, o movimento ficou negativo em 0,93%. Brasília cresceu 3,45%, e Santos Dumont, 4,57%. "A variação negativa em Congonhas indica um possível esgotamento da capacidade (de crescimento) desse aeroporto", diz o Snea no estudo.

Já Campinas, Confins e Galeão cresceram cerca de 20% no primeiro semestre. Campinas (alta de 22%) é justamente a base da Azul e da Trip. Galeão concentra voos da Webjet, empresa que pertence à Gol e que teve um desempenho operacional melhor que a própria Gol.

Com uma malha mais espalhada pelo interior do país, a Azul e a Trip têm se beneficiado do crescimento do interior do país.

Já TAM e Gol dependem do passageiro de negócios, principalmente da Ponte Aérea Rio São Paulo, uma das mais caras ligações aéreas do mundo. Com o desaquecimento da economia e os cortes nas viagens a negócio, as empresas aéreas têm pouca margem para elevar preços e recuperar o aumento de custos.

"Não temos perspectiva de número positivo para o ano", afirmou o novo presidente da Gol, Paulo Sérgio Kakinoff. "O segundo semestre ainda será desafiador."

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