O governo da Nova Zelândia acertou nesta segunda-feira (18) os detalhes para iniciar uma reforma da lei de armas após o atentado de Chirstchurch, que deixou 50 mortos e 50 feridos, e criar uma comissão que avalie a atuação prévia das autoridades. A liberação dos corpos das vítimas para as famílias começou neste domingo (17) e deve terminar até quarta-feira (20).
A primeira-ministra do país, Jacinda Ardern, afirmou que seu gabinete está "completamente unido" em relação à reforma legal estipulada "em princípio" e cujo conteúdo será anunciado em um prazo de dez dias após os ataques de sexta-feira em duas mesquitas.
"Há muitos neozelandeses que questionam que haja armas semiautomáticas disponíveis", disse em entrevista coletiva Ardern, evitando dizer se a reforma incluirá, tal como se esperava que anunciasse, a proibição deste tipo de armas, utilizadas no atentado.
"Há detalhes que é preciso olhar. Não se trata só de certos pontos da lei. É simplesmente por isto que levaremos um tempo, para que saia bem", acrescentou ao justificar o atraso.
Ardern ressaltou que os ataques de sexta-feira "evidenciaram uma série de debilidades na lei de armas" do seu país e que todo o governo coincide na necessidade de realizar mudanças, incluindo o seu parceiro de coalizão, o NZ First, que anteriormente tinha se oposto a isso.
Ferido é socorrido após ataque em mesquita no centro de Christchurch, na Nova Zelândia, nesta sexta-feira (15) — Foto: Mark Baker/ AP
O líder deste partido e vice-primeiro-ministro, Wintson Peters, confirmou o ponto na mesma entrevista coletiva, onde afirmou que após os fatos de sexta-feira "nosso mundo mudou para sempre e também as nossas leis mudarão".
A primeira-ministra neozelandesa acrescentou que a reforma não será dirigida contra os proprietários de armas, especialmente em zonas rurais, mas encorajou os que tenham armas em casa a entregá-las à polícia.
Investigação
Ardern acrescentou que uma comissão revisará a série de fatos que precederam o atentado, incluindo as viagens e as atividades na Nova Zelândia do agressor, o australiano Brenton Tarrant, e a atuação de várias agências estatais de segurança e inteligência.
Entre outros, a primeira-ministra afirmou que serão analisados "padrões de comportamento" que costumam preceder a este tipo de incidentes, pelo que, afirmou, se manterá o nível de alerta "alto".
A primeira-ministra anunciou que o governo da Nova Zelândia também vai realizar um ato em nível nacional em memória das vítimas, cuja data será anunciada mais adiante para permitir que esta semana as famílias tenham seu luto.
Primeira-ministra Jacinda Ardern durante coletiva de imprensa nesta segunda-feira (18) na Nova Zelândia — Foto: David Lintott/AFP
Redes sociais
No discurso, Ardern pediu, além disso, aos responsáveis de todas as redes sociais para tomar medidas para prevenir a incitação ao ódio e à violência, depois que Tarrant transmitiu ao vivo pelo Facebook o ataque na primeira mesquita.
Ardern afirmou que Facebook e Instagram continuam retirando imagens do atentado - depois que nas 24 horas posteriores ao mesmo 1,5 milhão de vídeos foram excluídos da rede - mas considerou que estas plataformas podem fazer mais.
"Pediria às plataformas de redes sociais para demonstrar senso de responsabilidade. Há muito trabalho que deve ser feito", insistiu.