Governo terá apoio ‘irrestrito’ para repatriar brasileiros da China

Grupo de brasileiros fez um apelo ao governo do Brasil para serem retirados da China – país que enfrenta surto do novo coronavírus. Eles dizem estar dispostos a ficar em quarentena.

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O presidente do Congresso Nacional, Davi Alcolumbre (DEM-AP), disse na tarde deste domingo (2) que o governo terá apoio total e irrestrito da Câmara e do Senado caso decida resgatar o grupo de brasileiros que está na China e deseja voltar para o Brasil.

O país asiático enfrenta uma epidemia do novo coronavírus. Segundo os números divulgados pela TV estatal chinesa até a última atualização desta reportagem, 304 pessoas morreram e 14.380 pessoas foram infectadas no país.

Neste domingo, o grupo divulgou um vídeo de apelo ao presidente Jair Bolsonaro (veja abaixo). Na gravação, os brasileiros leem uma carta aberta em que pedem ajuda do governo para deixarem a China e retornarem ao Brasil. Eles frisam que estão dispostos a, se necessário, ficarem em quarentena.

Na avaliação de Alcolumbre, uma eventual operação do governo brasileiro para resgatar os cidadãos é viável, "independe de uma questão de legislação" e não traria custos tão altos ao Brasil.

"Acho que não tem nenhum impasse sobre isso. São brasileiros, e se nós pudermos fazer esse gesto de buscar esses brasileiros, colocarmos em um quartel ou em uma base militar para cumprir essa quarentena, não necessariamente precise de uma lei", afirmou

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP)  - Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Alcolumbre afirmou que conversou com o ministro da Saúde, Henrique Mandetta, sobre o resgate. O ministro citou que por enquanto só há casos suspeitos no Brasil, nenhum confirmado.

Na última sexta-feira (31), Bolsonaro afirmou que o governo ainda estuda estratégias para buscar os brasileiros. Segundo o presidente, é preciso resolver entraves diplomáticos, jurídicos e orçamentários para que isso ocorra.

"Custa caro um voo desses. Na linha, se for fretar um voo, acima de US$ 500 mil o custo. Pode ser pequeno para o tamanho do orçamento brasileiro, mas precisa de aprovação do Congresso", declarou na ocasião.

Em nota enviada também na sexta, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), comentou as declarações de Bolsonaro de que o resgate exigiria a aprovação de uma lei de quarentena e de crédito orçamentário.

"Se esta for a decisão do governo, e o governo entender que existe urgência, e ele concorda que existe, o governo tem instrumentos para organizar o orçamento", afirmou Maia.

O presidente da Câmara disse ainda que se reuniu com o ministro da Saúde na última semana, e colocou a Câmara à disposição para ajudar com medidas adicionais exigidas por uma eventual epidemia de coronavírus.

"Eu tenho certeza de que a Câmara e o Senado vão trabalhar para agilizar se precisar votarmos uma lei em regime de urgência. Mas, se o governo precisar editar uma medida provisória, terá o nosso apoio. Acho que não precisa chegarmos a esse ponto. Acho que é uma decisão mesmo, estratégica. E se o presidente tomar essa decisão, terá o nosso total e irrestrito apoio", disse Alcolumbre.

Na sexta-feira, Bolsonaro já descartou a ideia de editar uma medida provisória para agilizar os trâmites do resgate.

Planalto

Questionado neste domingo sobre o vídeo divulgado pelos brasileiros, o Planalto disse apenas que não ia comentar. O Ministério das Relações Exteriores, a quem o apelo também é endereçado, não se manifestou até a última atualização desta reportagem.

O Ministério da Saúde respondeu que integra o Grupo de Trabalho Executivo Interministerial criado para cuidar de situações de emergência em saúde de interesse nacional e internacional e está preparada para adotar as medidas que forem necessárias para o enfrentamento ao coronavírus.

"O tema da repatriação de brasileiros que estão em Wuhan foi discutido nessa sexta-feira pelo Presidente da República e demais órgãos envolvidos. O debate também será feito com o Congresso Nacional. Deve ser observado que não há recomendações da Organização Mundial de Saúde para a retirada das pessoas da China", afirmou o ministério.

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