Teresa e Ant?nio (nomes fict?cios) n?o t?m acompanhado a discuss?o sobre o aborto que vem ganhando o Pa?s. Mas, h? dez anos, precisaram tomar decis?o delicada: sua filha, Cl?udia, na ?poca com 11 anos, engravidou ap?s sofrer um estupro na cidade de Sapucaia, no Centro-Sul Fluminense. Coube aos pais o destino da crian?a violentada e do beb? que gerava - a gravidez foi descoberta aos 4 meses. Hoje, os dois t?m certeza de que tomaram a decis?o correta, e dividem a responsabilidade pela cria??o de Paulo, 9 anos.
Alheio aos segredos do passado, Paulo n?o sabe a raz?o de ter sido criado pelos av?s maternos. Suas duas irm?s mais novas por parte de m?e - Adriana, 7 anos, e Susana, 11 meses - moram com Cl?udia. Paulo j? perguntou diversas vezes por seu pai, mas n?o teve resposta. "Ele n?o sabe. Paulo chamava o pai da Adriana de pai porque ele era muito novo quando ela nasceu. Mas agora ele sabe que n?o ? o pai dele. Ele fica perguntando: "a Susana tem pai. A Adriana tem pai. E cad? meu pai?" Eu digo que o pai da Adriana ? o pai dele e ele diz que n?o. Ele fala que o pai dele n?o ? preto, porque ele ? branco", diz Cl?udia.
A mo?a, hoje com 20 anos, mora numa casa de pau-a-pique constru?da no mesmo terreno da de Ant?nio, lavrador de 48 anos. Ela diz que tem vontade de contar a verdade ao menino. Mas tem medo. "Ele fica perguntando sempre pelo pai, por que o pai dele n?o vem visitar... Mas depois ele esquece e vai brincar. Eu quero contar quando ele tiver uns 15 anos. Agora ele ainda ? muito novo e revoltado. Ele ? muito bom, mas n?o pode ter raiva. Ele parece muito com o pai dele", diz Cl?udia.