O Ministério Público do Trabalho no Piauí (MPT-PI) solicitou a suspensão da greve do sistema público de transporte de Teresina que já está no 46° dia de paralisação. A negociação está com prazo em aberto até esta quarta-feira (01/07).
Depois de uma reunião de conciliação por videoconferência proposta pelo MPT-PI e representantes da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (STRANS), do Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (SETUT) e do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Rodoviários no Estado do Piauí (SINTETRO), o esperado é que as atividades sejam retomadas.
Caso a recomendação não seja seguida, por cautela, o Ministério propôs que as partes considerem o retorno dos serviços na segunda-feira (06) com 70% nos horários de pico e 30% nos demais. Caso nenhuma alternativa seja aceita, o Ministério Público vai avaliar a necessidade de instauração de dissídio coletivo na greve.
Em nota, a Strans informou que "segue acompanhando as negociações entre patrões e empregados".
Ajuri Dias, vice-presidente do Sintetro, disse que a categoria está disposta a retomar os serviços com os horários estabelecidos pelo Ministério Público. "Vamos retomar e garantir a questão do total de ônibus que eles emitiram para a Strans. O problema é que nós não concordamos com a redução dos salários, suspensão do ticket e plano de saúde", declara.
O procurador João Batista orienta que seja acatada a proposta de manutenção do salário de dezembro de 2019 aos trabalhadores, antes da redução determinada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST). Quanto ao ticket-alimentação e plano de saúde, ele aponta que se trata de uma supressão momentânea.
Para o Sintetro, a suspensão do plano integral de saúde é uma decisão contraditória do Setut frente à atual crise sanitária do coronavírus. O Sindicato solicita o retorno do plano com atendimento integral, já que alguns funcionários dependem dele para tratamento de patologias graves, como câncer.
"Estão se aproveitando porque nós não temos a convenção coletiva assinada e não realizam o desconto do plano de saúde. Atualmente ele está suspenso para exames e procedimentos eletivos, atendendo somente urgência e emergência", disse Ajuri.
O vice-presidente do Sindicato acrescenta que discorda do fato da quantidade de dias de greve ser atribuída aos motoristas. "Na realidade, a greve por parte do Sintetro foi de apenas quatro dias. Os demais dias foram propostos pelos empresários, que não quiseram colocar frota de 30% que, segundo eles, não gerava lucro", ressalta.
Em nota, o SETUT informou que está "avaliando a consistente proposição para poder restabelecer os serviços aos cidadãos teresinenses", diz.
Francisco Sousa, secretário de Previdência e Assistência Social do Sintetro lamenta o que vem acontecendo com os trabalhadores. "A patronal quer apresentar demissão de 50% dos trabalhadores, suspensão de pagamento do plano de saúde de ticket por um ano e isso é inviável, já que os trabalhadores vêm sofrendo muito. Queremos apenas manter o direito já conquistado e pedimos a sensibilização do MPT-PI", relata.