As salas e os corredores de todos os campi da Universidade Federal do Piauí (UFPI) continuam vazios. Por conta da greve dos professores, o calendário letivo da instituição está comprometido e corre o risco de ser cancelado.
As aulas do primeiro semestre que deviam terminam somente em julho foram paralisadas. Dessa maneira, por conta disso e da adesão dos servidores à paralisação, há tempos os campi não funcionam e os estudantes estão sendo obrigados a ter férias ??forçadas??.
Entre tantas consequências que o movimento vem ocasionando aos alunos, professores e servidores, o atraso no curso, que acarreta outros inúmeros problemas, é a principal preocupação. De acordo com o reitor da UFPI, Luiz de Sousa Santos Júnior, a falta de continuidade do conteúdo, o atraso na colação de grau e a vida profissional de muitos acadêmicos vem sendo comprometida.
?As aulas do primeiro período de 2012 começaram no dia 8 de março e apenas 55, dos 100 dias letivos previstos no calendário da instituição, foram cumpridos por conta da greve dos docentes. Todos estão tendo um grande prejuízo e isso já está se tornando uma situação de improbidade?, afirma o reitor ao acrescentar que os alunos contemplados com bolsa, pelos Programa Ciência sem Fronteiras e Bolsa Santander, também estão sendo prejudicados.
O reitor explica que a oportunidade dos selecionados foi perdida. Segundo ele, quem poderia ter ido esse ano, já não vai poder mais ir no ano que vem. Além disso, a Pró-Reitora de Ensino de Graduação - PREG, Regina Ferraz, comenta que alguns estrangeiros que possuem prazo para retornar a seus países estão com atual situação complicada.
?Eles têm um prazo estabelecido para terminar o curso. Agora, só esperamos que haja uma elasticidade nesse prazo, já que apenas algumas disciplinas foram concluídas. Nesse caso, as matérias restantes foram trancadas e os alunos terão dar continuidade, ou seja, de qualquer forma eles vão se atrasar?, aponta a pró-reitora.
Para os professores, as implicações por conta da greve também serão muitas. Além do comprometimento do calendário universitário, com risco de cancelamento do período e da suspensão das férias no início do ano, as aulas serão respostas e deve comprometer as férias dos alunos e pais.
?Dos quase 1.500 docentes, poucos estão decidindo sobre a greve. Agora, o conselho vai decidir um novo calendário, recuperar esse período e dar continuidade. Os docentes não têm direito de receber sem trabalhar. ?, acrescenta o reitor.
Anastácia, estudante do 3º período de Enfermagem, do campus da UFPI em Floriano, está vivendo um triste dilema. Desde que os professores da Instituição decidiram parar as atividades, a aluna começou a ter vários gastos que poderiam ser evitados. Ela afirma que muitos alunos estão nessa mesma situação e que pagam de R$ 300 a R4 622 pelo aluguel.
A acadêmica mora em Floriano e há 3 meses (tempo da greve) não sabe o que fazer para conter seus gastos.
?Moro em Amarante, mas estudo em Floriano e estou ciente que meu curso já está mais que atrasado. Desde que começou o movimento grevista, estou tendo que pagar aluguel, mesmo sem estar vivendo na casa. Não tenho outra alternativa a não ser essa: pagar para garantir a casa quando as aulas voltarem, mesmo que isso saia caro?, reclama Anastácia.
Além do aluguel, a estudante vive gastando com passagens. Como nem todos os docentes aderiram à greve, algumas disciplinas continuaram, e ela tem que ficar de Floriano a Amarante. ?Participo de alguns projetos que não foram comprometidos por conta da greve e por isso passo uma semana aqui, outra lá. Tenho que aproveitar o pouco tempo com minha família, já que quando as aulas voltarem será uma correria e as férias serão comprometidas?, finaliza.