O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou hoje que o governo debaterá a possibilidade de criar um imposto sobre grandes fortunas, dentro da reforma tributária. Durante audiência na Câmara dos Deputados, o ministro declarou que a equipe econômica também debaterá o tema das renúncias fiscais.
"Além da reforma da Previdência, vamos atacar a reforma tributária, as renúncias fiscais. Vamos ter a chance de discutir um imposto sobre riquezas. Isso é uma questão de tempo", declarou.
O ministro participa de audiência na Comissão de Constituição de Justiça da Câmara dos Deputados para falar sobre a reforma da Previdência. O encontro estava previsto para acontecer na semana passada, mas Guedes não compareceu.
Antes de embarcar para uma viagem a Israel e durante a visita oficial ao país, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o Ministério da Economia estuda reduzir impostos sobre empresas. Segundo ele, a ideia é tributar os dividendos (lucro pagos aos acionistas) e reduzir o Imposto de Renda das companhias.
"A ideia seria a troca da cobrança de Imposto de Renda sobre os dividendos. Atualmente, as empresas do Brasil que lucram mais de R$ 20 mil por mês pagam 25% de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e 9% de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), totalizando 34%", havia declarado Bolsonaro no Twitter.
Guedes: "País gasta com Previdência 10 vezes o que gasta com educação"
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou hoje, em audiência pública na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara, que o país gasta com Previdência dez vezes o que gasta com educação.
''O Brasil gasta R$ 700 bilhões com Previdência, que é passado, e R$ 70 bilhões com educação, que é o futuro'', disse ele.
O ministro disse que os gastos públicos subiram ao longo dos últimos 40 anos até atingir 45% do PIB (Produto Interno Bruto) e disse que o principal componente para a explosão dos gastos foram as despesas com pessoal. "Dentro desses gastos com pessoal, o elemento de déficit galopante foi a Previdência Social", disse.
Guedes destacou também o crescimento de gastos "menos nobres" do que a Previdência, como com a dívida pública e com os salários do funcionalismo. Ele abriu sua fala elogiando os deputados, que disse serem "extremamente qualificados" para o exercício da profissão e que já estão informados sobre o tema.
"É um tema que cria muita paixão política e efeito social dependendo de como é feito. Quem vai votar isso são os senhores, eu sou meramente um equacionador, uma pessoa que se debruçou sobre sistemas alternativos de forma a dar uma solução definitiva para o problema", afirmou.
Segundo Guedes, o sistema previdenciário brasileiro está condenado. "A repartição [modelo atual] é um avião partindo para alto mar sem combustível. A primeira bomba a bordo é a demográfica. O sistema está condenado antes de a população brasileira envelhecer, não interessa quem estiver no poder, o partido que for", afirmou.
Guedes deu exemplos de países como Grécia e Portugal em que houve um colapso da Previdência. "A dimensão fiscal é incontornável, independentemente do partido, não tenho filiação partidária, é um problema que está se impondo, independente de quem estiver na Presidência", reforçou.
Ele declarou que o Brasil caminha para situação semelhante à de estados brasileiros que atrasam salários de servidores e aposentados, como Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás e Rio Grande do Norte.
O ministro participa da audiência na CCJ para explicar a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que reforma a Previdência. O encontro estava previsto para acontecer na semana passada, mas Guedes não compareceu.