“Uma vitrine da música Piauiense”. É dessa forma, quase unânime entre os artistas, que é definido o Festival de Música da Chapada do Corisco - Chapadão -, que chega à sua 25ª edição sagrando-se como o maior festival de música autoral do Piauí, mantendo a proposta de valorização da identidade e, principalmente, impulsionando novos artistas. O evento acontece neste ano nos dias 20, 21 e 27 de maio, no Palácio da Música e Teatro de Arena.
Espelhando-se em uma onda de festivais que aconteciam em todo o país, durante várias décadas, que alavancaram a carreira de dezenas dos grandes ícones da música brasileira, a Prefeitura de Teresina, por meio da Fundação Monsenhor Chaves também resolveu dar a sua contribuição. O criador, o maestro Aurélio Melo, que em 1995 ocupava o cargo de coordenador de música da FMC, explica que apenas entrou na onda do que já acontecia na cidade, como o Festival de Música do Parque Piauí, entre outros.
“Nós idealizamos que seria interessante para a Fundação manter essa cultura do festival, que estava um pouco em baixa em Teresina. Alguns festivais tinham desaparecido e precisávamos manter pelo menos um de opção para esses compositores. Então criamos esse festival, que no início a forma era como os festivais de antigamente. Ou seja: um banquinho, um violão para o compositor chegar e defender sua música, mostrar sua composição e interpretação”, destaca Aurélio, que hoje comanda a Orquestra Sinfônica de Teresina.
E mais do que apenas um palco para soltar a voz apresentando a cantiga guardada na gaveta, o Chapadão é referência no lançamento de nomes. Em uma panorâmica dos artistas no topo da música piauiense, a maioria já suou frio diante dos jurados do festival. Roraima, José Quaresma [Validuaté], Dalmir Filho e Ostiga Jr estão entre as lendas que já passaram pelo Chapadão. O último, em uma composição feita com o guitarrista André de Sousa, venceu a primeira edição, tornando a música Teresina Capital do Mundo uma espécie de hino da cidade.
Para Ostiga Júnior, que hoje divide a vida entre a advocacia e o amor pela música, o evento é uma porta para o mercado, dando visibilidade para grandes talentos. “Levar o 1º lugar do Chapadão em 1995, além dos prêmios de melhor letra e de melhor intérprete, pela composição Teresina Capital do Mundo, em parceria com André de Sousa, significou o reconhecimento de um potencial que acreditávamos ter. O resultado disso foi o incremento da determinação em seguir trilhando o rumo da música, do qual nunca saímos, ora juntos, ora cada um em seus projetos”, destaca.
Para dois garotos de 19 anos na época, idealistas e sonhadores, essa injeção de ânimo foi fortalecedora e edificante. “Sem dúvida, ajudou a desenhar nossas carreiras. Acredito que hoje, a iniciativa do festival continue sobre o mesmo cerne, ao dar vez e voz a novos e jovens valores, carentes de oportunidades e de valorização”, frisa Ostiga.
Adaptação à cidade e à modernidade
E se moldando ao público e à cidade, o festival passou por algumas mudanças, tanto de local como de tipo de composição, mas se deixar a proposta de valorizar a produção local, o ineditismo e o músico. Inicialmente o evento acontecia espalhado pelos bairros da cidade, com as eliminatórias no berço dos artistas e a final no Teatro de Arena, no coração da cidade. Anos depois ele passou a acontecer somente no Teatro de Arena e atualmente com as classificatórias no Palácio da Música e final mantendo a tradição.
O festival nasceu dividido em duas categorias: estudante e profissional. A ideia era incentivar os jovens a iniciarem na música levando o festival para as escolas, além de promover as novas composições de quem já estava na estrada. Mas com o passar dos anos, com uma onda de novos músicos e o consumo da música instrumental na cidade, o Chapadão inseriu uma nova categoria: a Instrumental, responsável por promover o trabalho de grandes artistas.
O baixista Paulo Dantas, hoje gerente de promoção cultural da FMC, foi um dos ganhadores da categoria instrumental e destaca que o evento foi uma grande vitrine para o seu trabalho e de outros instrumentistas da cidade, atestando o potencial de Teresina para esse estilo musical. “Hoje a música instrumental já ganhou seu espaço e o concurso foi retirado do Chapadão para ter seu espaço próprio, sendo realizado agora dentro do Festival de Música Instrumental, que acontecerá ainda neste ano”, explica.
E se adaptando à cidade e as novas tecnologias, o festival se mantém trazendo a essência dos grandes festivais, encantando o público e trazendo um sentimento único para quem participa, como explica Aurélio Melo: “É um festival que se mantém importante. É muito mais rápido jogar a música em uma dessas plataformas [na internet] do que passar pelo crivo de um grupo de jurados em três eliminatórias pra ganhar o festival. Mas quem participa de um festival como o Chapadão passa a fazer parte do movimento musical, que ganha uma experiência que não vai esquecer jamais”, comenta.
A superintendente da Fundação Monsenhor Chaves na época da criação do Chapadão, Laurenice França, lembra que o festival começou dando um grande gás para os artistas e que, com o passar dos anos, se mantém como o maior evento de promoção de novos talentos. “Sei que permanece um grande evento, pela história que tem. Ele revela e revelou muitos talentos. Temos muitas pessoas que saíram do Chapadão. É um projeto grandioso”, destaca.
Para o presidente da Fundação Monsenhor Chaves, Luis Carlos Alves, o Chapadão é hoje um dos grandes eventos promovidos pela pasta, tanto pela história como pela valorização dos artistas. “É um festival que é cara da cidade, dos nossos artistas, que cantam Teresina. É a nossa vitrine de talentos, provando a força da nossa música”, finaliza.