Delegada que se notabilizou à frente da Operação Lava Jato em Curitiba, a policial federal Erika Mialik Marena, chamada para integrar a equipe do futuro ministro Sergio Moro, afirmou que, apesar dos recentes avanços no combate à corrupção no Brasil, "ainda há muitas pessoas dispostas a roubar este país".
Na visão dela, a principal missão das instituições, agora sob gestão do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), será "semear o inconformismo" da população em relação a atos ilícitos de agentes públicos e corruptores.
"A gente não pode ficar anestesiado com isso", declarou. "Espero que a herança da Lava Jato seja o inconformismo com essa situação e que o governo seja comprometido com o combate à corrupção. Ainda há muitas pessoas dispostas a roubar esse país", comentou ela durante um simpósio sobre combate à corrupção promovido pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) no Rio de Janeiro.
Erika foi confirmada por Moro na última terça-feira (20) para chefiar a DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional), órgão da Polícia Federal tido como estratégico no combate a crimes internacionais.
O novo ministro da Justiça também indicou Maurício Valeixo, atual superintendente da PF no Paraná, como o próximo diretor-geral da instituição.
Além de liderar a fase inicial de investigações da Lava Jato, com foco nos desvios em contratos da Petrobras, ela também esteve à frente da Operação Ouvidos Moucos --na qual ficou marcada por ter feito o pedido de prisão do então reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, que se suicidou menos de três semanas após ser detido.
Delegada não quer "ingerências políticas e partidárias"
Erika fez um balanço de sua atuação à frente da Lava Jato e também mencionou o papel exercido na força-tarefa que investigou crimes financeiros no Banestado durante a década de 90. Segundo ela, embora o sentimento de impunidade ainda exista entre corruptos e corruptores, "hoje os políticos também vão para a cadeia, e a Lava Jato mostra isso".
Para ela, além de "semear o conformismo da população", o combate ao sentimento de impunidade depende do livre funcionamento dos mecanismos de investigação, que também precisariam de "fortalecimento material, humano e legislativo”. Sem citar o novo governo e o papel estratégico que será conferido a ela na PF, cobrou que as instituições funcionem "com liberdade e sem ingerências políticas e partidárias". "Com um propósito republicano", concluiu.