Ver a drag-queen Crisnayder toda vestida para a 8ª edição da Parada da Diversidade é pensar que a sua vida é descomplicada. Mas, perguntada se é mais fácil ser a diva das lantejoulas ou gay, ela responde rápido: ?Ser gay é muito mais difícil?. Mas no encontro que tenta celebrar a diversidade como o padrão, perceber que heterossexuais e homossexuais se juntam em uma festa misturada dá impressão de que, apesar das dificuldades, a algo mudando.
?Quando você compara a primeira edição, que tinha todo aquele teor de novidade, aquela surpresa com essa oitava, percebe que a Parada agora é um evento que faz parte do calendário de Teresina, com a participação de pessoas de todos os movimentos sociais?, afirma Marinalva Santana, coordenadora do Grupo Matizes. E é essa mistura que não junta somente pessoas defendendo a livre orientação sexual que a parada se sustenta.
Como o caso do consultor Rony de Abreu Soares. Heterossexual, ele diz que ainda vê sim muito preconceito contra os homossexuais, mas que isso vem diminuindo e, mais ainda, não vê problemas em uma amizade feita entre pessoas de orientação sexual diferente. ?Não acho que existam problemas e percebo que a amizade não depende da sexualidade?, frisa.
De acordo com o doutor em comunicação Wilton Garcia, que está em Teresina para discutir o assunto sexualidade, a capital piauiense demonstra ter uma boa relação com as diferenças.
?O que se vê são as pessoas das mais diversas comunidades sociais, mostrando que os movimentos se misturam e são formados principalmente por jovens, que estão antenados e querem discutir assuntos que vão além do sexo?, frisa. Mas essa interação ainda é bem fraca nos municípios do interior.
Coordenadora do Arco-Íris dos Cocais, de Esperantina, Kiara Karla, diz que o preconceito chega a pontos de que até as amizades com os homossexuais são condenadas.
?Há pais que proibem de os filhos saírem conosco só porque somos homossexuais. Aqui em Teresina vemos que isso é mais natural, mas já estamos desenvolvendo bons trabalhos para que isso diminua e a tolerância possa ser maior?, garante.
Na capital, pessoas como Bruno da Silva conseguem mostrar que a livre orientação sexual ganha cada vez mais espaço. ?Para mim é um momento de glória, porque é quando posso mostrar o que sou de verdade para muita gente. Vejo agora um evento mais maduro, que dá mais valor ao tema que fala?, completa.