Por Lucrécio Arrais
Hipnose. Substantivo feminino. Na psicologia, é definida como o estado semelhante ao sono, gerado por um processo de indução, no qual o indivíduo fica muito suscetível à sugestão do hipnotizador.
Até que ponto essas sugestões podem trazer benefícios para um paciente? De acordo com profissionais, a técnica pode transformar a qualidade de vida de muita gente.
Vida transformada
Germanna Rocha, por exemplo, diz que teve a vida transformada após fazer hipnoterapia. "Procurei a hipnose para obter ajuda em crises de ansiedade que eu tinha que muitas vezes desencadeiam em crises de pânico. Eu tinha muita curiosidade sobre hipnoterapia e tinha vontade de fazer. Quando soube que poderia me ajudar nos sintomas da ansiedade resolvi fazer", recorda. A paciente afirma que a hipnose mudou sua vida.
"Hoje eu sou curada de uma das maiores fobias que eu tinha, que era de cobra. Sou hoje uma pessoa mais calma e tranquila, que leva a vida com mais leveza, isso se reflete nas minhas relações com minha família e amigos e todos agradecem", acrescenta.
Processo emocional
Ela foi paciente de Luiz Fernandes, um hipnoterapeuta com escritório na zona Leste de Teresina. Ele conta que a técnica ajuda no processo emocional. "A hipnoterapia pode ajudar a controlar o desequilíbrio, que vem do luto, fobia, depressão, trauma, para que a pessoa possa viver com tranquilidade", afirma.
"A hipnoterapia serve para quem está vivo. Qualquer pessoa deve fazer porque somos seres emocionais. Crianças a partir de seis anos já podem fazer. É uma abordagem que trabalha rápido demandas que as pessoas carregam. Por isso é a 'queridinha' da neurociência", acrescenta.
Hipnose é coisa séria!
O psicólogo clínico Mário Faustino é uma autoridade da psicologia tradicional no Piauí. Ele utiliza a hipnose para facilitar o tratamento de pessoas com transtornos.
"A hipnose é um processo que se utiliza da indução promovendo relaxamento profundo com o objetivo de obter relaxamento profundo e com isso acessar processos mentais onde em estado de vigília, acordado, a pessoa não consegue esse acesso com facilidade", explica.
Não há perigo
Ele defende que a hipnose não é perigosa, mas a má utilização do processo, para fins não profissionais ou de lazer podem gerar problemas.
"Cabe a pessoa que vai se submeter ao processo hipnótico procurar profissionais que, realmente, são competentes e responsáveis. Assim como em todas as profissões que existem maus e excelentes profissionais, na hipnose também acontece essa falha", recomenda. O psicólogo afirma que a complexidade da mente humana impõe desafios.
"Na terapia feita por um psicólogo o acesso aos conteúdos se dá de forma gradual, onde o profissional vai acessando os conteúdos gradativamente e ajudando o paciente na obtenção das resoluções desses processos, de forma ampla e complexa. Já na hipnose, o paciente direciona para qual processo ele quer acessar obtendo com isso a resolução do problema de forma mais rápida e objetiva. Vale ressaltar que são trabalhados tópicos específicos propiciando uma resolução mais rápida", descreve Faustino.
Memórias
As fobias e outros transtornos psicológicos estão registrados no inconsciente da pessoa e ela, por si só, não tem acesso a essas memórias. "Durante o processo se acessa de forma técnica o conteúdo a ser trabalhado e faz o deslocamento adequado excluindo para sempre o que incomoda a pessoa", aponta Mario Faustino.
O Conselho Federal de Psicologia permite que o psicólogo trabalhe com a hipnoterapia. Para isso é necessário que o profissional faça o curso próprio para esse fim. A hipnose pode ser aprendida por qualquer pessoa.
Quebrando o preconceito
O psicólogo Rodrigo Lopes, vice-presidente da Associação Brasileira de Hipnose e Delegado do Estado do Piauí da Federação de Terapias Cognitivas, explica que a hipnose consiste em um procedimento de indução, através da respiração.
"Assim podemos ampliar a consciência de memórias de médio e longo prazo, dentro de um conceito de relaxamento", revela. O profissional da saúde explica que é preciso acabar com o preconceito existente com a técnica.
"A hipnose não é uma brincadeira. É uma técnica com base neurocientífica, que tem contra-indicações que precisam ser avaliadas por um psicólogo ou hipnoterapeuta da área da saúde. Nós não trabalhamos com a hipnose como a ideia de magia. Isso, sim, é charlatanismo. Nós precisamos corrigir essa ideia", acrescenta Rodrigo.
Rodrigo defende que são muitos benefícios. "Pode facilitar o processo de aprendizado. É um tratamento mais rápido. Além disso, é excelente para encontrar as dificuldades e aliviar sintomas, tratando as causas. No processo de emagrecimento, por exemplo, é possível corrigir a causa da compulsão alimentar", finaliza.