A Polícia Civil prendeu um homem acusado de infectar de propósito com o vírus do HIV a namorada, que morreu de Aids, em São Lourenço da Mata, no Grande Recife. Segundo a corporação, Paulo César da Silva, de 33 anos, sabia que era portador da síndrome e teve o mandado de prisão preventiva pelo crime de homicídio qualificado decretado pela Justiça.
A polícia pede que pessoas que se relacionaram com ele procurem tratamento médico. As informações foram repassadas, nesta quarta-feira (20), durante entrevista coletiva realizada na capital pernambucana.
O mandado de prisão preventiva foi concedido pela Justiça na segunda-feira (18). Preso na terça-feira (19), no Terminal Integrado de Passageiros do Recife, na Zona Oeste da cidade, Paulo César foi encaminhado para o Centro de Triagem (Cotel), em Abreu e Lima, no Grande Recife.
Segundo o delegado Diogo Santiago, existem provas de que Paulo César impediu que a namorada, não identificada, informasse aos parentes que tinha sido contaminada por ele. De acordo com a polícia, o homem preso fez pressão psicológica e há relatos de que ele teria ameaçado a vítima para que não pedisse ajuda para fazer o tratamento.
"O Mistério Público entendeu que ele praticou crime de homicídio doloso, possivelmente, pela ciência dele de ser portador do HIV e ter impedido que ela realizasse o tratamento adequado", diz o delegado.
A polícia informa que a mulher morreu em junho de 2016 e, na época, Paulo César não chegou a ir ao enterro da companheira, porque fugiu para o interior de Pernambuco logo após a morte. A família da vítima prestou queixa em agosto de 2017.
"Ele disse que era portador do HIV e que a jovem que se envolveu com ele teria conhecimento. Segundo ele, quando ela contraiu a síndrome, a iniciativa de não informar à família teria sido da jovem. Essa versão não se sustenta quando confrontamos com outras provas e depoimentos, que dão conta de que quem impedia que ela informasse à família era ele, com uma pressão psicológica", afirma.
Segundo a polícia, o homem teria começado a se relacionar com a vítima quando ela tinha 14 anos de idade e ele era casado com outra mulher, que teria procurado a família da jovem para alertá-los sobre a soropositividade de Paulo César. De acordo com a corporação, ele forjou exames de sangue para desmentir a esposa, que veio a falecer posteriormente.
"Ele diz que a esposa faleceu de infecção urinária, mas é possível que tenha sido em decorrência da síndrome. Acreditamos que pode haver mais vítimas, pelo comportamento dele, de negar para todo mundo que é portador do HIV e pelos relatos de que ele seria 'mulherengo', gostava de ir para festas com meninas jovens, inclusive. Há informações de que ele já estaria se relacionando com outra garota enquanto a jovem que faleceu estava acamada, doente", declara.
O delegado afirma, ainda, que, apesar de ter impedido a vítima de procurar tratamento para a Aids, Paulo César se submetia ao tratamento contra a síndrome desde jovem.
"Vimos que ele se trata desde criança, tanto que até o aspecto físico dele não é de uma pessoa debilitada. É um sinal de que ele está se tratando, mas fazia com que a jovem não se tratasse. Não satisfeito em transmitir a doença, ele impedia que ela procurasse tratamento adequado", diz.