O Hospital de Urgências de Teresina é mais uma vez foco de controvérsias. Segundo reclamações de funcionários, algumas faculdades da cidade que possuem convênio com o hospital realizam permutas como forma de pagamento.
Em vez de honrar a parceria mediante pagamento em dinheiro, as escolas superiores cedem a mão de obra de enfermeiros e fisioterapeutas.
A denúncia vem de uma servidora que pede para não ser identificada por medo de represálias. ?Todo mundo lá dentro sabe disso, funciona quase como uma tercerização.
Para a faculdade conseguir vagas para estágio dentro do HUT, precisa colocar um funcionário lá dentro. Mas quem paga pelo serviço é a própria instituição, e não o hospital.
Todos lá dentro sabem disso, é normal?, reclama a funcionária.
A denúncia coloca o HUT e a Prefeitura Municipal de Teresina em uma situação desconfortável, tendo em vista que cidadãos aprovados em concurso público do hospital realizado em 2011 ainda hoje esperam pela convocação.
A situação se complica porque, em vez de chamar os aprovados do concurso público realizado há dois anos, o mesmo hospital emprega 14 funcionários tercerizados no setor de radiologia.
O técnico em radiologia Luciano Cunha confirma a situação e complementa afirmando que o hospital deslocou cinco servidores efetivos do setor de radiologia para os hospitais de bairro e contratou prestadores de serviço tercerizados em detrimento da convocação dos aprovados em concurso.
?Penso que eles fizeram isso por causa da greve, mas ela já acabou e os funcionários da outra empresa continuam trabalhando e ainda recebem mais que os servidores efetivos?, completa.
Luciano afirma que os funcionários que atuam no período noturno recebem auxílio de R$ 3.700, quando os efetivos do setor de radiologia são contemplados com apenas R$ 570 para trabalhar no segundo turno, modalidade em que o funcionário estende sua jornada de trabalho por um turno adicional.
?O que mais revolta é o fato de darem a oportunidade para profissionais de outra empresa, mas deixam os concursados na mão. Acho imoral e não vejo lógica?, conta.
O presidente da Fundação Hospitalar, Aderivaldo Andrade, nega todas as denúncias e retifica que a contratação de profissionais tercerizados aconteceram em ritmo emergencial por causa da greve.
?Os funcionários do setor optaram por radicalizar e abandonaram seus postos de trabalho. Eles deixaram o hospital em caos, pois estava impossível fazer uma simples radiografia porque não tinha ninguém para fazê-la. Foi uma questão ética?, diz.
Segundo Aderivaldo, estes prestadores de serviço têm contrato assinado por três meses e a renovação cabe à prefeitura municipal. Sobre a convocação dos aprovados no concurso público do HUT, eles estão sendo chamados gradativamente para a substituição de prestadores de serviço. Aderivaldo esclarece que o valor final dos tercerizados acaba saindo um pouco mais alto porque todos os impostos legais estão embutidos na soma.
Entretanto a saída dos técnicos em radiologia emprestados ao Hospital de Urgências parece não estar próxima, já que não há previsão de contratar novos servidores. ?Convocamos cinco profissionais neste ano, encerramos esta fase e não pretendemos convocar mais pessoas tão cedo.
A contratação de técnicos tercerizados estava prevista em contrato e o manteremos por um certo tempo, pois eles ajudaram a população em uma hora difícil?, pontua.