No Hospital do Parque Piauí, zona sul de Teresina, o programa de combate ao tabagismo tem chamado a atenção pelos bons resultados. Os dados revelam que 64,39% dos participantes do programa abandonaram o vício em cigarro. O percentual corresponde ao dobro da média nacional, que é de 30%. Composto por grupo de médicos, psicopedagogos, assistentes sociais, nutricionistas e psicólogos, o tratamento concilia terapia em grupo e uso de medicamento.
Na próxima quinta-feira (10/12), o 18º grupo que foi formado recentemente dará continuidade ao tratamento. As terapias reúnem pacientes de todas as faixas etárias e classes sociais, juntos eles compartilham suas experiências pessoais nas rodas de conversa, que são realizadas sob a coordenação de psicanalista e psicopedagoga, Gardene Lacerda Moura.
Entre as participantes do programa, está R. M. de S. N., de 61 anos. Ela conta que iniciou o vício ainda na infância, com 7 anos de idade e hoje se considera liberta do fumo: “Eu chegava a fumar escondida. Tinha vergonha do cheiro do cigarro. Cheguei ao programa com o incentivo de minha filha. Agora, não quero mais nem saber de fumar e não vou. Na minha vontade quem manda sou eu e Deus. Hoje recebo os parabéns lá em casa, me abraçam todos os dias.”, relata.
O tratamento tem duração de 01 ano e é composto por avaliação clínica feita pela equipe multiprofissional; sessão de acolhimento; 04 sessões estruturadas que objetivam a preparação para cessação do tabagismo; 02 sessões quinzenais e, ainda, 10 sessões mensais para prevenção de recaídas e manutenção da abstinência.
Gardene Lacerda explica que o programa do hospital Parque Piauí desenvolveu métodos próprios: “Para o INCA, se o paciente não conseguir parar de fumar até a quarta sessão, ele é excluído do tratamento, podendo ser inserido novamente no programa através de novo cadastro. No hospital do Parque Piauí, diferentemente, o paciente não é desligado do programa por esse motivo, de modo que ele é direcionado para outro grupo chamado de RPR (Reintegrar para Respirar), projeto desenvolvido para trabalhar transtornos de que desencadeiam a ansiedade do paciente tabagista”, afirma.
Alba Valéria Sousa Batista, assistente social, atribui o sucesso do programa ao compromisso e engajamento dos profissionais com a causa: “Não desistimos do paciente”. Ela conta que é uma satisfação contribuir com o processo: “Acompanho a trajetória dos pacientes e tenho ciência de que o abandono ao vício traz não somente benefícios individuais, mas também coletivos, sociais e familiares”.
Ela explica ainda que nos primeiros dias longe do cigarro, o ex-fumante tem picos de vontade extremamente perigosos e que a melhor saída é se distrair com alguma atividade que exija concentração e que, de preferência, mantenha boca e mãos ocupadas.
A psicóloga e estudante de psicopedagogia, Silele Santiago da Rocha, fala ainda de uma estratégia geral para reduzir o nível de ansiedade que consiste na respiração 3.6: o paciente respira pelo nariz por 3 segundos e solta pela boca por 6 segundos. “A respiração 3.6 equivale a um ansiolítico de baixa dosagem, sem efeito colateral”, comenta.
O diretor geral do Hospital do Parque Piauí, Leandro Mendes, apoia a iniciativa: “O cigarro é considerado um dos mais graves problemas de saúde pública. A nicotina causa dependência química e psicológica. Então, desenvolvermos esse projeto aqui no hospital desde 2010, com bons índices de abandono ao vício, é motivo de grande satisfação pra nós.”, afirma.
Ele orienta que os interessados em realizar o tratamento devem se dirigir ao serviço social do hospital, nos turnos manhã e tarde, de segunda a sexta-feira para fazer inscrição prévia e aguardar o chamado para início da atividade.
Confira algumas estratégias gerais para parar de fumar:
1.Quebre a rotina;
2.Busque apoio da família e amigos;
3.Concentre-se em outras atividades;
4.Não desenvolva outro vicio;
5.Utilize estratégias para diminuir o nível da ansiedade;
6.Sempre tente mais uma vez.