Em um país de dimensões continentais como o Brasil, é um desafio garantir que toda a população seja recenseada. São diversas as estratégias adotadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para não deixar ninguém de fora da contagem. Uma delas é a constante atualização de todos os endereços do país, para compor o chamado Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos (CNEFE). Aliado a esse levantamento, também ocorre o mapeamento do território, com a incorporação das mudanças observadas.
“É realizado um monitoramento a partir de imagens de satélites atualizadas, para identificação de novas áreas residenciais”, conforme explica o supervisor da Base Territorial do IBGE no Piauí, Guilherme Nascimento. “Idas a campo também são utilizadas para confirmação de novos conjuntos habitacionais, condomínios, etc”, complementa.
Para realizar o trabalho de campo, o IBGE conta com os agentes de pesquisa e mapeamento (APMs). São eles que percorrem o território, verificam os endereços e fazem atualizações sempre que é observada alguma mudança. Os dados são registrados digitalmente em um Dispositivo Móvel de Coleta (DMC), aparelho semelhante a um smartphone.
Além do endereço em si, o CNEFE agrega informações como o tipo de edificação – residencial, não residencial ou mista – e a existência ou não de habitantes. “Para as pesquisas amostrais, o Cadastro é importante para identificar em quais endereços existem moradores. Se um endereço que não tem morador for selecionado [aleatoriamente pelo sistema] para uma pesquisa amostral, infelizmente perderemos uma entrevista”, ressalta o coordenador do CNEFE no Piauí, Tiago Nery.
“Nas pesquisas censitárias, a base de endereços já cadastrada no CNEFE acaba dando maior agilidade ao processo de coleta”, comenta Nery. “No Censo 2022, o recenseador receberá no DMC essa lista prévia e, através da metodologia de percurso e cobertura do setor, ele poderá incluir novos endereços em campo. Assim, nenhum domicílio deixará de ser levantado na pesquisa”, esclarece Nascimento.
Após as atualizações realizadas no CNEFE durante o Censo 2022, o Cadastro será disponibilizado publicamente, assim como foi feito no Censo 2010. “Parte do Cadastro será de domínio público. A parte que possa ferir o sigilo estatístico não será disponibilizada”, explica Nery.
Desta vez, a divulgação contará ainda com as coordenadas geográficas de cada domicílio recenseado. “Como benefícios externos ao IBGE, podemos citar: alimentar outros cadastros de prefeituras e instituições, fazer análises de distribuição da população no território, servir como insumo para elaboração de mapas e cartogramas, etc”, elenca o coordenador estadual do CNEFE.
Censo 2022
A partir de 1º de agosto, recenseadores do IBGE vão a campo em todo o país. No Piauí, mais de 3 mil pessoas farão parte da força de trabalho diretamente envolvida com a operação censitária. Cerca de 900 mil domicílios serão visitados em todo o estado.