Depois quase uma semana de luta no Hospital Geral do Estado (HGE), o agricultor José Amaro da Silva, de 71 anos, que está com câncer de boca, finalmente vai receber cuidados especializados. Ele foi transferido, na tarde desta quarta-feira (6), para um leito da Unidade de Câncer de Alagoas (Única), Organização Não Governamental (ONG), que funciona dentro de uma clínica oncológica no bairro do Farol, em Maceió.
O idoso foi levado para o HGE por uma vizinha na última quinta-feira (31). Larvas de insetos tinha tomado conta das feridas abertas por conta da patologia de José Amaro. O caso dele ganhou repercussão nas redes sociais e na imprensa. Diante de um caso tão grave, a Unidade de Câncer de Alagoas, que não está atendo mais pacientes, desde janeiro deste ano, por falta de recursos financeiros, resolveu acolher o paciente.
A vice-presidente da Única, Cynthya Lima, conta que ele está bem melhor do que entrou no HGE, mas que a doença dele já está em estágio terminal. "Aqui nós cuidamos justamente desses pacientes. Acreditamos que eles precisam do mínimo de dignidade na hora da morte. O câncer dele não tem cura, mas não é possível mandar ele para casa, já que o paciente não tem nenhum parente", afirma.
Chinthya Lima conta que a ONG chegou a ter sete leitos funcionando, sem nenhuma ajuda do governo, mas que atualmente não consegue manter esse contingente por falta de recursos financeiros. "Não há nenhum centro de tratamento desse tipo no estado inteiro. Pacientes em estado terminal morrem sem nenhuma dignidade em Alagoas. Eles precisam de medicações, como morfina, para diminuir a dor e de cuidados básicos", conta.
O senhor José Amaro está na enfermaria da Única com outros dois pacientes, também em fase terminal e que precisam de tratamento paliativo. Ele está medicado e tomando soro. Quando a reportagem do G1 chegou ele estava dormindo e com um ar sereno. O agricultor aposentado vai permanecer na unidade pelo tempo que for necessário.
"Se houver uma melhora e tiver condições dele ir para casa, ele vai e nós acompanharemos o quadro dele. Do contrário ele fica aqui", afirma Cynthya.
A vice-presidente da ONG afirma que é possível retomar os leitos e atender esses pacientes. "Não queremos que a sociedade banque a unidade, mas que cobre do governo solução para essas pessoas", diz.
No entanto, a ONG recebe doações para que possa enviar fraldas, medicações, cestas básicas e suplementos alimentares para os pacientes que estão em casa. A estrutura e os funcionários são mantidos pela Clínica de Oncologia de Maceió (Clion).
Quem quiser fazer doações pode ligar para os telefones (82) 3323-1760 e 3311-4553. Também é possível realizar depósitos em dinheio pelo Banco do Brasil na agência 3183-6 - conta corrente 6734-2.