Igreja beatifica Padre Donizetti em evento em Tambaú, SP

Cerimônia neste sábado (23) foi acompanhada por cerca de 20 mil pessoas. Religioso agora pode ser venerado em toda a região de abrangência da Diocese de São João da Boa Vista.

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O padre Donizetti Tavares de Lima foi beatificado pela Igreja Católica neste sábado (23) durante cerimônia, em Tambaú (SP). A partir de agora, ele é considerado beato e pode ser venerado em toda a região de abrangência da Diocese de São João da Boa Vista.

A missa, que teve início às 9h e terminou por volta de 11h10, foi celebrada pelo prefeito da Congregação das Causas dos Santos, o cardeal Angelo Becciu, a pedido do Papa Francisco. Cerca de 20 mil pessoas participaram do evento.

Celebração

O menino Bruno Henrique Arruda de Oliveira, de 13 anos, que teve o pé torto congênito curado pelo padre, participou da cerimônia. O reconhecimento do milagre é a principal exigência para o decreto de beatificação de um religioso.

"Após termos recebido parecer da Congregação das Causas dos Santos, com nossa autoridade apostólica, concedemos que o venerável servo de Deus Donizetti Tavares de Lima, sacerdote diocesano, pastor, segundo o coração de Cristo, testemunha da caridade evangélica, defensor dos mais necessitados doravante seja chamado bem-aventurado e que possa se celebrar sua festa todos os anos no dia 16 de junho, dia de seu nascimento ao céu", disse o bispo diocesano Dom Villar.

Durante a cerimônia também foi inaugurada a imagem oficial do padre Donizetti.

Confira o momento da beatificação:

O que muda

A cerimônia de beatificação encerra a terceira fase de um processo maior que busca a canonização do beato Donizetti, ou seja, o reconhecimento da sua santidade no mundo todo.

Segundo a Comissão Pró-Beatificação de Padre Donizetti, o minucioso processo foi iniciado, em 1992, por fiéis voluntários em nível diocesano, que é quando uma comissão é montada para criar um dossiê e enviar ao Vaticano.

A solicitação desse processo foi feita pela Câmara Municipal de Tambaú. O Vaticano exige que o município onde os restos mortais do candidato estão sepultados faça o pedido.

A primeira etapa foi concluída em 1996, com a abertura do processo no Vaticano e concessão do título "servo de Deus” ao padre Donizetti pela Congregação para a Causa dos Santos.

Em 2017, a Congregação para a Causa dos Santos reconheceu as virtudes cristãs heroicamente vividas pelo padre Donizetti e concedeu a ele o título de "venerável".

Dois anos depois, em abril deste ano, o Papa Francisco recebeu o cardeal Angelo Becciu e autorizou a promulgação do decreto que reconheceu o milagre atribuído à intercessão do padre Donizetti. A missa deste sábado celebrou a decisão.

Agora, a Comissão Pró-Beatificação de Padre Donizetti busca o reconhecimento do Vaticano para um segundo milagre, que deve conceder ao beato o título de "santo".

Melhores momentos da cerimônia

Beato Donizetti

O beato Donizetti Tavares de Lima nasceu em 1882, em Cássia (MG), e ficou conhecido por sua trajetória cercada de relatos milagrosos em Tambaú. Dos corações devotos de quem o conheceu, ele é lembrado como uma pessoa séria, mas muito acolhedora.

Donizetti se tornou sacerdote aos 26 anos e precisou ser transferido a Tambaú 18 anos depois devido à perseguição e ameaças que sofreu por ser considerado comunista.

Devoto de Nossa Senhora Aparecida desde criança, o beato sempre afirmou que não tinha o poder de fazer milagres e que era apenas uma ponte entre os fiéis e a santa, a verdadeira responsável por interceder pelas preces a Deus.

Na década de 1950, romeiros de todos os cantos do Brasil e até de outros países passaram a visitar Tambaú para receber a benção milagrosa.

Mas devido a grande quantidade de pessoas, as visitas começaram a fugir do controle e da capacidade de Tambaú. Entre maio de 1954 e maio de 1955, a cidade foi invadida por um "enxame humano" e chegou a receber 200 mil pessoas em apenas um dia e três milhões de pessoas em um semestre, de acordo com os registros da Igreja.

Essas intensas romarias resultaram em problemas de convivência, higiene, alimentação, pouso, atendimento médico e trânsito. O padre não podia passar pela multidão porque queriam arrancar ao menos um pedaço da sua batina.

Por interferência do então governador de São Paulo, Jânio Quadros, o sacerdote foi obrigado a dar sua última benção coletiva em 30 de maio de 1955, às 20h, para evitar que o caos aumentasse.

O momento, feito em latim, ficou eternizado por causa das pétalas de rosas jogadas de um avião sobre a região da Casa Paroquial.

O áudio da benção foi gravado e até hoje é reproduzido no encerramento das missas todos os domingos em Tambaú.

Mesmo após a morte, fiéis de todo o mundo continuam visitando Tambaú em busca da intercessão do beato para o alcance de graças e curas. Vários relatos de milagres são atribuídos a ele.

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