“O grito dos excluídos”. É assim que o pastor Fábio Inácio define a reunião dos fiéis da Igreja Cristã Contemporânea, que comemorou nesta segunda-feira nove anos de existência com a inauguração da Catedral Contemporânea, no Rio de Janeiro. É o nono templo da congregação, que carrega em seus ideais uma bandeira pouco difundida em meios religiosos: a acolhida de homossexuais.
— Tenho certeza de que, se Jesus estivesse aqui, estaria do nosso lado — enfatiza Inácio, que lidera a igreja junto a seu companheiro, o pastor Marcos Gladstone.
Inácio e Marcos adotaram juntos duas crianças e têm em comum uma história que mistura passagens por outras igrejas evangélicas e a decepção com o discurso frequentemente homofóbico. Eles contam que cultos e pichações agressivas nos muros fazem parte da rotina da igreja.
Durante a inauguração da catedral, o que se viu foram centenas de fiéis lotando o templo, com capacidade para 800 pessoas. Grupos vieram de Minas Gerais e São Paulo, que também contam com unidades da congregação. Hoje, a Igreja Cristã Contemporânea tem três mil membros e planos de abrir mais três unidades até o fim do ano.
— Ainda existe resistência. Mas acredito que, com o tempo, caminhando a passos lentos, as coisas vão ficando mais claras — diz Inácio.
Há oito anos frequentando os cultos, o vendedor Roberto Leandro esteve nesta segunda-feira, com seu companheiro Wilson, no culto da Catedral de Madureira:
— Frequento com meu companheiro e ficamos à vontade. É a oportunidade de ser o que nós somos de fato.