Sinônimo de muita felicidade e amor, o processo de adoção de crianças e adolescentes é também frequentemente marcado por muita espera, angústia, raiva e até desistência. Os números do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) deixam ainda mais indignados aqueles que aguardam anos para levar para casa o tão esperado filho ou filha.
De acordo com o CNJ, mais de 07 mil crianças e adolescentes estão hoje cadastrados para adoção no Brasil, enquanto que o número de pessoas que querem adotar é 5 vezes maior, cerca de 38 mil aguardam na fila de espera. E o questionamento fica: Por que essa conta não fecha?
Muitas podem ser as causas que contribuem para a morosidade desse processo, dentre elas destacamos: os perfis preferidos pelos que querem adotar, que em sua grande maioria deseja crianças menores de 3 anos de idade, brancas, do sexo feminino e saudáveis; perfis estes que fogem da realidade dos que estão disponíveis para adoção no Brasil. A outra causa é referente à demora para inserção das crianças que se encontram institucionalizadas no Cadastro Nacional da Adoção.
Outro número que preocupa é o de crianças e adolescentes que vivem abrigados no Brasil. De acordo com o Cadastro Nacional de Crianças Acolhidas, são mais de 46 mil afastadas de suas famílias de origem aguardando uma definição do poder judiciário quanto ao seu futuro. Isto é, estão em abrigos esperando que, se possível, sejam reintegradas à família biológica, ou que sejam inseridas no Cadastro Nacional da Adoção para então terem a possibilidade de pertencer a uma nova família. Situação esta que pode levar anos para ser definida.
Espalhados por todo o Brasil, os Grupos de Apoio à Adoção são entidades que se preocupam com esta causa e que cada vez mais ajudam a traçar novos rumos para vidas de crianças e adolescentes que vivem em abrigos, privados do direito constitucional da convivência familiar e comunitária. Programas que visam a busca ativa de famílias do cadastro para crianças fora dos perfis escolhidos; outros que procuram famílias acolhedoras temporárias; e ainda os que buscam conscientizar a sociedade sobre esse contexto, entre outros programas, têm papel fundamental na formação de uma nova cultura da adoção.
O II Seminário Estadual da Adoção é um evento bienal realizado pelo Grupo de Apoio à Adoção, Cria Piauí (Centro de Reintegração Familiar e Incentivo à Adoção), em parceria com a Secretaria da Assistência Social e Cidadania (SASC) e a Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Piauí (OAB-PI) e visa fomentar o debate junto à sociedade, profissionais e acadêmicos, de temas relevantes para o contexto da adoção e de problemas como a institucionalização de crianças e adolescentes.
O evento vai acontecer nos próximos dias 03 e 04 de novembro, no auditório do Tribunal de Justiça do Piauí e vem apresentando o tema “Quanto tempo o tempo tem?”, trazendo o Procurador de Justiça da Infância e Juventude do Rio de Janeiro e escritor, Sávio Bittencourt; e a Advogada carioca, Bárbara Toledo, que também é presidente do Grupo de Apoio à Adoção de Niterói-RJ, Quintal de Ana; como palestrantes com o objetivo de abordar e trazer reflexões acerca do tempo que permeia processos, prazos e a vida de crianças e adolescentes abrigados.
O II Seminário Estadual da Adoção pretende problematizar temas como a destituição do poder familiar; as responsabilidades e desafios dos Órgãos Públicos de Proteção no respeito ao temo da criança e do adolescente; a busca ativa e a questão da adoção de crianças mais velhas; o papel dos grupos de apoio; e o processo educativo de filhos por adoção.
A solenidade de abertura do evento, na quinta-feira (03), terá início às 17 horas. Já na sexta-feira (04), o encontro terá programação durante a manhã e a tarde, tendo início às 8 horas. Os participantes do II Seminário Estadual da Adoção receberão um certificado de 20 horas.
As inscrições ainda podem ser realizadas por meio do site criapiaui.com.br ou presencialmente, no primeiro dia do evento, e têm o valor de R$30,00 para estudantes e R$60,00 para profissionais.