Uma multidão invadiu a pista no aeroporto internacional de Cabul nesta segunda-feira (16) e diversas pessoas tentaram entrar em aviões para deixar o Afeganistão, dominado pelo Talibã. Vídeos mostram centenas de pessoas tentando invadir as aeronaves paradas e subindo em um avião da força aérea americana que estava prestes a decolar.
Ao menos duas pessoas "caíram de um avião militar americano", na tentativa desesperada de fugir do país. De acordo com o "Sun", as pessoas caíram da aeronave Força Aérea dos EUA, de uma altura de centenas de metros. Eles teriam se agarrado ao trem de pouso ou à fuselagem na lateral da aeronave, de acordo com imagens divulgadas amplamente nas redes sociais.
As forças americanas assumiram o controle do local e interromperam a retirada de americanos de Cabul para tentar controlar a situação. O número de vítimas não foi confirmado. Além disso, o jornal americano "The Wall Street Journal" diz que três pessoas foram mortas por armas de fogo e a agência de notícias Reuters fala em cinco óbitos.
A Reuters não diz se as vítimas foram atingidas por disparos de armas de fogo ou pisoteadas durante a confusão. Não está claro se os tiros foram disparados contra pessoas ou para o alto.
As pessoas estão tentando deixar o país após o Talibã tomar a capital Cabul e voltar ao poder depois de 20 anos. O presidente fugiu do Afeganistão e o palácio presidencial foi tomado no domingo (15). O porta-voz do Talibã, Mohammad Naeem, afirmou à rede de televisão Al Jazeera que "alcançamos o que buscávamos, que é a liberdade do nosso país e a independência do nosso povo".
“Pedimos a todos os países e entidades que se reúnam conosco para resolver quaisquer questões”, disse Naeem. "Não achamos que as forças estrangeiras irão repetir sua experiência fracassada no Afeganistão mais uma vez".
Invasão e saída do Afeganistão
Os EUA atacaram o Afeganistão em 2001, em reação ao atentado do 11 de Setembro, e tirou o grupo extremista do poder. O Talibã foi acusado pelos americanos de esconder e financiar membros da Al-Qaeda, grupo terrorista comandado por Osama bin Laden e responsável pelo atentado.
Em fevereiro de 2020, o então presidente americano, Donald Trump, assinou acordo de paz com o Talibã que previa a retirada total das tropas do país até abril deste ano. O atual presidente dos EUA, Joe Biden, manteve o acordo e adiou a saída completa para o fim deste mês.
A maior parte das forças lideradas pelos EUA deixaram o Afeganistão em julho, e o Talibã se aproveitou da retirada e avançou rapidamente pelo país, conquistando diversas capitais de províncias desde o início do mês.
A queda de Cabul ocorreu muito antes do previsto pelos EUA. Segundo a Reuters, a estimativa dos serviços de inteligência americanos era de que o Talibã chegasse a Cabul em setembro, com uma possível tomada do poder em novembro.
Situação no aeroporto
Durante o tumulto no aeroporto internacional de Cabul, tropas dos EUA que ajudavam cidadãos americanos a embarcarem dispararam tiros e assumiram o controle do local.
Um oficial americano afirmou à Reuters que "a multidão estava fora de controle" e os disparos foram feitos "apenas para neutralizar o caos".
A autoridade de aviação do Afeganistão disse que o espaço aéreo do país foi "liberado para os militares" e aconselhou as companhias aéreas a evitarem seu espaço aéreo, o que levou as principais companhias aéreas a desviar os voos após a tomada de Cabul pelo Talibã.
Os EUA interromperam temporariamente os voos de evacuação, segundo a Reuters, para retirar as pessoas que invadiram a pista do aeroporto internacional. Não foi informado quanto tempo a pausa vai durar.