Imóvel: Nordeste é o destino de brasileiro para lazer na pandemia

Muitos foram conhecer o Nordeste e passaram a investir o seu dinheiro no turismo nacional.

Diego Villar, CEO da incorporadora e construtora Moura Dubeux | Divulgação
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Diego Villar, CEO da incorporadora e construtora Moura Dubeux, de Recife (PE), diz em entrevista exclusiva na série UOL Líderes que o brasileiro está comprando imóveis de lazer no Nordeste como um refúgio da pandemia. Ele registrou um aumento de vendas de 400% desse tipo de imóvel. Também afirma que a queda dos juros impulsionou as vendas.

Para Villar, a casa própria no Brasil não é cara, o problema é que a grande massa não tem renda suficiente para obter um financiamento.

Ele reclama da burocracia nos negócios imobiliários e diz que os empresários fazem um grande esforço para agir corretamente no complicado sistema de impostos do país.

Casa na praia e no campo para fugir da pandemia

Diego Villar, CEO da incorporadora e construtora Moura Dubeux. (Foto: Divulgação)

UOL - Há um movimento de pessoas procurando imóveis na praia e na serra por causa da pandemia. Na região Nordeste, isso também aconteceu?

Diego Villar - É incrível como explodiu o que chamamos de segunda residência no Nordeste [segundo ele, suas vendas aumentaram 400% para esse tipo de imóvel na pandemia]. O Brasil exportava por ano 11 milhões de turistas, que deixavam US$ 19 bilhões lá fora todo ano.

Nos últimos 12 meses, a crise sanitária acabou com isso, e as pessoas começaram a descobrir as regiões turísticas do Brasil. Muitos foram conhecer o Nordeste e passaram a investir o seu dinheiro no turismo nacional.

Os próprios moradores da região começaram a buscar a segunda residência como um refúgio de férias ou de final de semana. Lançamos três empreendimentos e vendemos todas as unidades em menos de 24 horas. A soma ultrapassou os R$ 180 milhões.

São mais nordestinos ou moradores de outros estados?

Majoritariamente nordestinos, mas há muita gente de outros estados comprando.

O perfil do consumidor de imóveis mudou nos últimos anos?

As mudanças não são tão significativas, mas há pequenas adaptações.

Com a crise sanitária e o home office, as pessoas, por exemplo, estão optando em aceitar morar em casas mais distantes do trabalho, buscando principalmente lugares maiores e mais confortáveis.

Para Villar, a casa própria no Brasil não é cara. (Foto: Divulgação)

UOL - A sustentabilidade e o meio ambiente estão sendo considerados pelos compradores?

Diego Villar - O cliente está muito atento à questão da sustentabilidade, seja com captação de água de chuva para irrigação de jardins seja com placas solares para economia de energia das áreas sociais.

Procuram também equipamentos que tragam benefício no uso, como esquadrias com controle térmico, bacias sanitárias com controle do uso de água ou torneiras com controle de vazão.

O que vocês estão fazendo para reduzir impactos da construção civil no meio ambiente?

A construção civil é uma grande geradora de resíduos, e, para diminuir, é preciso investimento em tecnologia no canteiro de obra, com a substituição da alvenaria por placas pré-moldadas e prontas, cerâmica com menos cortes e retrabalho.

Na nossa empresa, atuamos com algumas práticas difusas para diminuir os impactos, como canteiros com iluminação natural, reúso de água e sistema de placas solares.

Incentivamos a produção local, com recolhimento de tributos na região, e ao mesmo tempo diminuímos a cadeia de transporte, que é poluente.

Houve mudanças de comportamento de compra de imóveis durante a pandemia?

Estamos tentando capturar de forma bem cirúrgica esse comportamento. Um exemplo é a criação das áreas de recebimento de produtos comprados por e-commerce, bem como espaços para home office.

As pessoas procuram também ambientes mais integrados à sala, afastando-se de ambientes segregados. Pode ser circunstancial, mas parece que vem para ficar.

Há diferenças entre consumidores do Nordeste e das outras regiões?

Para o consumidor nordestino, o apartamento mais nobre é sempre aquele com a varanda virada para o nascer do sol, com orientação para o leste.

Essa é uma característica da região Nordeste como um todo. As janelas precisam ser bastantes generosas e promover uma boa ventilação.

Em praças como a de Fortaleza (CE), é natural que existam ganchos de rede. No Nordeste, o quarto de empregada é um item relativamente comum mesmo em apartamentos de 100 metros quadrados.

Prédios voltados para o mar têm valorização muito alta. Um prédio pintado no Nordeste não é considerado de médio e alto padrão. Ele precisa ter pastilha ou granito na fachada.

Renda e juros baixos ajudam a comprar casa

UOL - Os imóveis para a classe média estão cada vez mais caros. Como tornar acessível o sonho da casa própria?

Diego Villar - Na verdade, o valor do imóvel no Brasil não é alto. A grande massa da população não tem renda suficiente para acessar o crédito e comprar o imóvel.

Com a redução das taxas de juros e geração de emprego e renda, o Brasil tem condições de construir novas habitações, porque há demanda.

Os juros baixos trazem resultados. Uma pesquisa recente mostra que nas três principais capitais em que atuamos, Salvador, Recife e Fortaleza, saímos de 10% de juros ao ano para 7%.

Essa queda de três pontos percentuais deixou o financiamento imobiliário acessível para 200 mil famílias a mais. Isso na faixa de produtos entre R$ 300 mil a R$ 500 mil, que é a realidade aqui do Nordeste.

Apesar de vivermos uma crise sanitária que afetou profundamente a economia mundial, o mercado imobiliário do Brasil viveu um excelente momento de comercialização de imóveis.

A taxa de juros estava tão alta para o financiamento imobiliário antes da pandemia que, quando reduziu, surgiram vários tipos de financiamento no mercado.

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