Para conseguir uma vacina que seja eficaz no combate a qualquer tipo de doença é necessário realizar uma série de pesquisas clínicas e avaliações de tolerância e eficácia de efeitos colaterais que uma vacina pode acarretar. De acordo com a imunologista do Hospital Unimed Primavera (HUP), Giordana Portela, atualmente existem vários estudos, inclusive no Brasil, de possíveis vacinas para prevenção à COVID-19. A expectativa é que fiquem prontas em torno de, pelo menos, dois anos.
“A maior parte dos estudos sobre vacinas demora bastante tempo. Temos uma série de vacinas que demoraram 10, 20 e até 40 anos para serem liberadas. Para o vírus HIV, por exemplo, já completamos 40 anos de pesquisas e ainda não temos uma vacina. A vacina que foi produzida mais rapidamente até hoje na humanidade foi a do vírus Ebola. Sua produção demorou cinco anos”, disse.
No que se refere às possibilidades de retorno para uma vida “normal”, considerando a disponibilidade de testes, Giordana explicou que a testagem em massa dos pacientes, como foi feita em outros países, foi bastante eficaz. “Se tivéssemos exames bem confiáveis e fidedignos do momento de infecção do qual aquele paciente se encontra, poderíamos manter em isolamento os pacientes que estão teoricamente na fase de transmissão da doença, que são possíveis vetores para que outras pessoas fiquem doentes. No entanto, temos uma série de dificuldades na testagem em relação ao novo Coronavírus. Primeiro porque esses testes não estão largamente disponíveis no nosso país, e segundo porque esses testes ainda têm uma série de controvérsias e, por isso, não se consegue ter uma clareza com relação a confiabilidade dos resultados”, explicou.
Com relação aos tipos de teste que estão sendo realizados a imunologista disse que até o momento o RT - PCR, que é colhido através de SWAB de secreções de orofaringe/nasofaringe do primeiro ao sétimo dia do início da infecção, é o melhor exame para detectar o contágio pelo novo Coronavírus. “Também temos os testes sorológicos, que avaliam a presença e/ ou o nível de anticorpos. Já sabemos que a IGM é um anticorpo de proteção de fase mais aguda e a IGG é um anticorpo mais tardio, que pode funcionar como um marcador de proteção, que indica que já houve a resolução da doença”.
Na falta de uma vacina, as terapias alternativas para combater a COVID-19 passariam por métodos já utilizados. “Do ponto de vista imunológico, nós temos duas perspectivas de tratamento para COVID-19. A primeira é a possibilidade de utilização de anticorpos neutralizantes coletados a partir do soro de pacientes recuperados da infecção pelo novo Coronavírus, e utilizar esses anticorpos no combate à infecção ativa em outros doentes. A segunda é o uso de uma classe de medicamentos que chamamos de Imunobiológicos. Temos um Anticorpo Monoclonal que pode bloquear a ação de uma proteína inflamatória chamada Interleucina 6, uma das principais proteínas ativadas durante a Covid-19. Então seria mais uma possibilidade de tratamento para a doença”, explicou a imunologista.