Inatividade aumenta mortes por doença cardiovascular

Estudo feito na USP mostra que a inatividade física na pandemia pode aumentar as mortes por doenças cardiovasculares em até 200 mil novos registros no longo prazo.

Falta de atividade física é responsável por cerca de 9% da mortalidade anual | Rovena Rosa
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Você fica muito tempo sentado? Nem se lembra quando foi a última vez que fez uma atividade física? Cuidado! Um estudo da Universidade de São Paulo (USP) mostra que a inatividade física na pandemia pode aumentar as mortes por doenças cardiovasculares em até 200 mil novos registros no longo prazo. No Brasil, cerca de 50% da população é considerada inativa.

Uma das pesquisas, que foi base para a análise do Grupo de Pesquisa em Fisiologia Aplicada & Nutrição, da Faculdade de Medicina da USP, mostra que a falta de atividade física é responsável por cerca de 9% da mortalidade anual, resultando em cerca de 5 milhões de mortes por ano no mundo. Outros dados encontrados mostram que mesmo a inatividade de curto prazo (até um mês) pode aumentar o fator de risco para as doenças do coração.

“Nós temos dados que de fato confirmam que a inatividade física cresceu, e cresceu especialmente nos grupos clínicos que foram mais expostos a essa condição de isolamento social”, disse Bruno Gualano, professor da Faculdade de Medicina da USP. O estudo recebeu o prêmio 2020 Impact Award do American Journal of Physiology - Heart and Circulatory Physiology, por ser o artigo mais citado da revista no último ano, com 77 citações.

Falta de atividade física é responsável por cerca de 9% da mortalidade anual | foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

As informações foram utilizadas na formulação de políticas públicas. “Muitos programas de atividade física a distância, política públicas, infelizmente não no nosso país, mas em países europeus, no próprio Estados Unidos, para a promoção de atividade física.”

Gualano destacou que o exercício foi encarado pela comunidade científica e pelos tomadores de decisão como um fator de risco importante que precisava ser combatido durante a pandemia.

Faça pelo menos 20 minutos de atividade por dia!

O pesquisador ressaltou que a orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é a prática de 150 a 300 minutos por semana de atividade física moderada a vigorosa, o que dá, no mínimo 20 minutos de atividade diária. “É aquela atividade que a gente faz conversando com alguém ao lado e que a gente sente uma certa dificuldade para conversar.” 

Ele afirmou, no entanto, que é preciso manter os cuidados para a prática diante dos riscos da covid-19. “A atividade física é essencial, mas a academia de ginástica não é. O que eu quis dizer com isso? Que a academia não é importante? Não, é importante, mas não é vital. Significa que eu consigo manter meus níveis de atividade física sem me entranhar numa academia que não traga as condições ideais de proteção”, explicou. 

Efeito protetor contra a Covid-19

O grupo de pesquisa também se debruçou sobre o fator de proteção dos exercícios para as formas mais grave de Covid-19. Foram avaliados 200 pacientes internados com a infecção, relacionando a condição ao nível de atividade física praticada. 

“O efeito protetor da atividade física vai até a página três. Há uma resposta protetora no geral, mas para quando a gente avalia o paciente grave, com comorbidade, com obesidade, de uma idade mais avançada, com doenças crônicas associadas, que são fatores agravantes da Covid, esses fatores parecem superar o efeito protetor da atividade física.” 

Gualano destaca, portanto, que a recomendação é que se faça atividade física, tendo em vista que ela reforça a resposta imune do organismo e previne condições que são fatores de risco para a covid grave, como obesidade, diabete tipo 2 e hipertensão.

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