Inclusão na sua forma mais abrangente é o que faz a atriz, fotógrafa e cineasta Fernanda Tuxi, que há 7 anos, depois de passar por internações e crises de depressão, abriu o Hotel Casa Tuxi e resolveu dar oportunidade de trabalho a pacientes psiquiátricos.
Em entrevista à jornalista Cinthia Lages, da TV Rádio Jornal Meio Norte, Fernanda conta que foi diagnosticada com doença mental aos 20 anos. Ela enfrentou muita dificuldade para entrar no mercado de trabalho e viu sua vó também sofrer as mesmas barreiras.
Fernanda sentiu, na pele, o preconceito e foi então que decidiu mudar um pouco a sua história e fazer a diferença na vida das pessoas. Nasceu, então, a Casa Tuxi, um hotel com 14 suítes, com TV de plasma e o conforto que turistas e hóspedes procuram.
Proposta inovadora
A Casa Tuxi é uma proposta inovadora, de acolhimento, que inclui, atende bem os hóspedes, e os colaboradores, 7 fixos e 7 contratados por eventos, trabalham em um local em que são compreendidos, acolhidos. São funcionários, que por serem pacientes psiquiátricos, eram rejeitados nos postos de trabalho.
Fernanda diz que os transtornos bipolares, depressão, ansiedades são problemas presentes na sociedade, em quase todas as famílias. "Toda família que se conhece tem um tio, um parente, um filho ou a própria pessoa que já sofreu, pelo menos ansiedade", explica.
Ao programa Notícias da Boa, da Rádio TV Jornal Meio Norte, Fernanda relatou o início da história da Casa Tuxi. Há 7 anos quando estava saindo de uma depressão, alugou um espaço onde funcionava uma oficina, fez obras, fez piscina, restaurante, construiu outro pavimento. "Todos os quartos são equipados com todo conforto e segurança", disse, enfatizando que os hóspedes sabem que todos os funcionários são pacientes psiquiátricos.
Fernanda explica que a Casa Tuxi gera oportunidade de trabalho e ao longo de sua existência já empregou quase todas as pessoas que passaram pelo CAPS. "Aqui, ninguém nunca atacou ninguém", conta, enfatizando que as pessoas estão em tratamento.
O hotel, para os funcionários, é um local que acolhe e atende e os colaboradores não precisam se trancar no banheiro quando precisam chorar. "Aqui é um local em que se acolhe e se abraça", disse, enfatizando que o funcionário não precisa omitir o seu problema e a situação.
Para Fernanda, o trabalho pode não trazer a cura, mas levanta a pessoa da cama. "No meu caso, a minha responsabilidade está sempre acima da minha loucura", disse, enfatizando que precisa se sustentar, pois não tem suporte familiar, financeiro ou até mesmo emocional. "O trabalo te move para uma 'cura', pois você sabe que vai precisar ir ao psiquiatra, vai fazer terapia para se manter estável", diz.
Espaço de dignidade
A empresária espera que mais pessoas observem o exemplo da Casa Tuxi, que funciona há 7 anos, proporcionando bem-estar aos hóspedes e dignidade para os colaboradores que foram discriminados e sofreram preconceitos por serem pacientes psiquiátricos.
Fernanda arriscou a dizer que há muita gente nas empresas, trabalhando e não sendo compreendidos, que se escondem no banheiro para chorar. "Mas está no mercado, tomando medicação e omitindo o fato de ter uma patologia, seja ela bipolar, ansiedade ou depressão", disse, enfatizando que na Casa Tuxi, o colaborador é compreendido e abraçado.
Organizada e um exemplo de determinação, Fernanda desenvolve um trabalho fora da curva e não tem medo de perder público. O hotel funciona organizado e o espaço do restaurante é alugado para eventos como casamento, aniversários, confraternização de empresas e essas atividades permitem a contratação de mais pacientes psiquiátricos como freelancer. "Minha vontade é contratar muito mais gente para trabalhar", disse.
Num ambiente assim, os profissionais compreendidos e abraçados têm mostrado bom desempenho, compromisso e são tratados com respeito e dignidade.
Como cineasta, Fernanda está produzindo um documentário e a proposta é divulgar o trabalho. "Não é possível ajudar todo mundo, mas todo mundo pode ajudar alguém", disse.