Você sabia que as infecções do trato urinário (ITUs) causadas por bactérias estão entre as condições médicas mais comuns e recorrentes especialmente para as mulheres? Pesquisas apontam que tais infecções - que podem afetar a uretra, a bexiga, os ureteres e os rins - afetam mundialmente mais de 150 milhões de pessoas por ano. Ainda, dados apontam que 40% das mulheres e 12% dos homens têm, pelo menos uma vez durante a vida, alguma dessas ITUs. Dessas mulheres, cerca de 25% terão duas ou mais vezes em um período de seis meses.
A explicação para que essas infecções sejam mais presentes nas mulheres é a anatomia feminina: com a uretra mais curta e próxima ao ânus, as bactérias têm acesso mais fácil à bexiga. A seguir, a Dra. Elisa Urban esclarece algumas questões sobre esse tema e oferece dicas para evitar a recorrência de infecções e melhorar a saúde do trato urinário:
Por que as infecções urinárias são mais comuns no verão?
De acordo com a Drª Elisa, ficar com o biquíni molhado por tempo indeterminado é um fato bastante comum no verão. “Com a umidade e o calor, mais os tecidos sintéticos, é facilitada a proliferação das bactérias no sistema urinário, por essa razão, a incidência das infecções do trato urinário no verão é maior”, explica.
Cranberry: busca por alternativas terapêuticas mais naturais
O tratamento médico padrão para as ITUs é o uso de antibióticos. No entanto, segundo a médica, com o grande número de mulheres que apresenta infecções recorrentes, vemos uma crescente incidência da resistência das bactérias - e também o ciclo vicioso que envolve o uso de antibióticos, o que pode causar a destruição da microflora benéfica do intestino.
Levando esses fatores em consideração, a busca por outras alternativas terapêuticas e preventivas é justificada. “A mais conhecida opção natural preventiva e para tratamento de infecções urinárias é o cranberry: fruto de sabor ácido, classificado dentre os 50 mais potentes alimentos antioxidantes. Isso porque ele fornece uma classe de flavonoides com ação antimicróbica. Um estudo de 2009 comprovou o cranberry como quase igualmente eficaz ao antibiótico, mas sem os efeitos colaterais”, detalha.
D-manose: efeito protetor no organismo
Já a D-manose é um açúcar natural produzido pelo nosso corpo, mas também é encontrada em alimentos como berinjela, feijão, amora, maçã, pêssego e em maior quantidade no cranberry. Sua ligação com as infecções urinárias é a seguinte: as bactérias E. Coli causam 90% das ITUs. Uma vez que essas bactérias entram no trato urinário, elas se prendem às células, crescem e causam a infecção. Pesquisadores vêm provando que a D-manose funciona para tratar ou prevenir infecções, impedindo a retenção dessas bactérias.
Enquanto a D-manose estiver no trato urinário, ele pode se ligar às bactérias E. Coli que podem estar no organismo. Como resultado, as bactérias não podem mais se ligarem às células e causar infecção.
Um estudo publicado no World Journal of Urology reuniu um grupo de 308 mulheres com um histórico de infecção urinária recorrente e dividiu-as em três grupos: grupo D-manose, grupo antibiótico e grupo placebo. Após seis meses de tratamento, das 103 mulheres que foram tratadas com D-manose, apenas 15 apresentaram infecção recorrente. Enquanto do grupo antibiótico, foram 21 e 62 do grupo placebo.
Pro e prebióticos: uma outra estratégia contra a infecção do trato urinário
Segundo a médica, “uma das estratégias para reduzir os efeitos colaterais dos antibióticos é o uso dos probióticos (bactérias benéficas) e prebióticos (o alimento necessário dessas bactérias benéficas) para restaurar o equilíbrio da flora intestinal após tratamento com antibióticos ou desequilíbrios imunológicos”.
Hábitos simples e eficazes que evitam as UTIs e melhoram a saúde do trato urinário
Beber muita água durante todo o dia ou bebidas com ação diurética (chá verde, hibisco, carqueja, erva-doce) pois ajuda a diluir a urina e aumenta a excreção urinária;
Não segurar e urinar sempre que sentir vontade;
Para as mulheres: após urinar ou realizar suas necessidades fisiológicas, sempre limpar a região de frente para trás, para não levar as bactérias do ânus para o trato urinário.
Higienizar a área íntima antes e depois da relação sexual, de preferência com uma ducha;
Evitar o uso de desodorantes íntimos.
Não deixe de consultar um médico
Se os sintomas da infecção não amenizam em pelo menos três dias é importante a ida a um médico para que sejam realizados exames e obter informações detalhadas e personalizadas sobre o que está acontecendo com o seu organismo.