Ultrapassar o estágio de entender os direitos humanos apenas como um discurso e transforma-lo, de fato, em uma prática concreta e cotidiana na sociedade, é o que moveu, em Teresina, a fundação do Instituto Esperança Garcia. Agora, de forma contínua, o projeto atuará com intuito de promover educação em direitos humanos baseado pela compreensão do mundo através de olhares feministas, antirracistas, contracolonialistas e anticapitalistas.
Para Andreia Marreiro, presidenta do Instituto, ter Esperança Garcia como símbolo é uma forma de lutar pela memória, bem como pela transformação da sociedade. “Fui me dando conta que não há nenhuma possibilidade de mudança de mundo se a gente não se conecta às nossas raízes. Aqui, eu decidi, imbuída desses encontros que compartilho com tantas e tantos, que precisávamos criar um espaço para sobreviver e sentipensar um projeto de educação que pudesse romper com o que nos é institucionalmente colocado. Foi quando surgiu o projeto sonho da Pós Graduação em Direitos Humanos Esperança Garcia e, agora, também o instituto que abarcará esse e outros sonhos”, explica.
Além de realizar a aula inaugural da quarta turma da pós graduação lato sensu em Direitos Humanos Esperança Garcia, o Instituto também encaminhará ações que acontecerão em comunidades, instituições, empresas e demais espaços que acreditem na transformação do mundo por meio da educação.
O projeto também está, em parceria com a Defensoria Pública do Piauí, dando continuidade à Campanha Esperançar: vidas negras importam e mulheres negras precisam ser escutadas, que atua para estimular a leitura e conhecimento de autoras negras.
“Um terceiro caminho é, ainda, poder visibilizar as produção das professoras, de produções científicas, como fizemos aqui com o lançando do livro da professora Gabriela Sá, “A Negação da Liberdade: Direito e Escravidão Ilegal no Brasil Oitocentista (1835-1874)”, e visibilizar e publicar outras obras feitos por outras professoras e estudantes”, acrescenta Andreia Marreiro.
Lançado na fundação do Instituto Esperança Garcia, o livro da professora e pesquisadora Gabriela Barretto Sá, apresenta a necessidade visibilizar que, dentro da escravidão brasileira, aconteciam inúmeros casos de ilegalidades. Entre os mais recorrentes e imponente deles estavam os casos de escravização ilegal de pessoas livres.
“Conceição Evaristo nos lembra que nossa escrevivência não deve ser para ninar o sono dos senhores da casa grande, ela deve servir para incomoda-los em seus sonhos injustos. E é por esse lema que eu pauto minha trajetória, minha pesquisa, minha escrita. Por isso, o objetivo deste livro é incomodar o sono dos injustos que continuam reproduzindo situações de racismo e negação de liberdade na nossa sociedade”, destaca Gabriela.