A execução de Troy Davis, condenado à morte nos Estados Unidos, agendada para esta quarta-feira ainda é motivo de polêmica na Europa. Legisladores e ativistas locais tentam apelar novamente ao Estado americano da Geórgia para impedir que o acusado de assassinar um policial em 1989 seja morto. Protestos também acontecem em Atlanta.
Ontem, o governo da Geórgia já havia negado clemência a Davis, que sempre disse ser inocente. A execução, que foi postergada três vezes, deve acontecer às 19h (horário local) na prisão estadual em Jackson.
A Anistia Internacional e outros grupos de direitos humanos planejam realizar um protesto na Embaixada dos EUA em Paris hoje. Em Atlanta, um grupo de manifestantes se reuniu nesta quarta-feira para protestar contra a execução de Davis.
Renate Wohlwend, membro do Conselho da Assembleia Parlamentar da Europa, afirmou que há dúvidas em relação à condenação de Davis. Segundo ela, continuar com "esse irrevogável ato seria um erro terrível que levaria a uma injustiça trágica".
O governo francês também pediu às autoridades americanas que não executem Davis. "Ao executar um condenado sobre cuja culpa existem dúvidas", as autoridades "cometeriam um erro irreparável", afirmou o porta-voz adjunto do Ministério das Relações Exteriores, Romain Nadal.
O CASO
Davis foi condenado à morte na Georgia quase 20 anos depois de ter sido considerado culpado de matar o policial Mark MacPhail durante uma briga na cidade de Savannah.
Desde que foi sentenciado, sete das nove testemunhas não policiais voltaram atrás em suas declarações, alegando coerção e intimidação por parte da polícia durante seus depoimentos, não existindo provas materiais que vinculem Davis ao crime.
Algumas testemunhas eram analfabetas, estavam na prisão, ou eram adolescentes na época em que prestaram depoimentos, que serviram de base para a condenação de Davis pelo assassinado do policial Mark Allen McPhail.
Os procuradores do caso Davis utilizaram os depoimentos como base para condená-lo, sem apresentar provas físicas, como amostras de DNA ou impressões digitais. O caso atraiu atenção internacional por conta de seu teor racial e as alegações de inocência por parte de Davis.
MANIFESTAÇÕES
Cerca de 300 manifestações foram convocadas em diferentes países na última sexta-feira (16) para pedir clemência para Troy Davis.
"Há muitas dúvidas nesse caso, esperamos que entendam a mensagem: temos certeza de que não estamos executando um inocente?" --questionou Laura Moye, diretora da campanha pela abolição da pena de morte da Anistia Internacional.
Uma petição com mais de 663 mil assinaturas foi entregue ao comitê de indultos --que decide se altera ou não a pena de morte para prisão perpétua-- pedindo clemência a Davis, segundo seus defensores.