No Panamá é possível ver centenas de turistas posicionando as câmeras para acompanhar a passagem do cargueiro chinês pelo canal. A travessia é lenta seguida de todo rigor que uma manobra de rotina exige. O quarto andar do centro de visitantes Miraflores recebe diariamente duas mil pessoas, a visita ao centro é o principal roteiro turístico da cidade de Panamá, país localizado na América Central, cuja capital é a mais antiga das Américas.
São 880 mil habitantes, paisagens deslumbrantes e arquitetura rica e bem conservada. Cada cargueiro pode levar até 9 mil containers, eles vão o tempo inteiro acompanhados por uma espécie de pequena locomotiva tanto do lado direito como do lado esquerdo. Pegar o atalho para a Ásia não é tarefa fácil para os navios, para percorrer os 80 km de extensão leva-se em média oito horas. Parece muito, mas sem o atalho essas embarcações levariam até um mês para cruzar as Américas.
Os navios que utilizam o Canal do Panamá são os chamados Panamax que tem cumprimento máximo de 294 metros e transportam até 65 mil toneladas de cargas que variam de alimentos a automóveis. A largura do Canal deixa uma passagem mínima para a passagem das embarcações, em alguns casos menos de meio metro, dai a dificuldade. Quando dois panamax se aproximam são convocados equipes extras para as manobras.
Um museu conta a história do projeto iniciado em 1881, nessa época ate a inauguração 22 mil trabalhadores morreram, a maioria deles vitimada por doenças como a febre amarela. As mortes só cessaram quando o médico cubano Carlos Finlai descobriu que não era o gás proveniente das escavações e sim o mosquito Aedes aegypti que provocava a doença.
Primeiro foram os franceses depois os americanos e por fim os panamenhos que assumiram o controle do canal no ano 2000. Hoje o empreendimento é um orgulho nacional. Basta ver a campanha feita pelo governo para celebrar a ampliação do corredor de negócios que gera só de pedágio para o Panamá 1,8 bilhão de dólares por ano, quase 30% do PIB do país.
As obras levaram uma década, custaram 5,2 bilhões de dólares. Graças a abertura das novas reclusas o canal receberá os ‘neo panamax’, super cargueiros de até 366 metros de extensão e 49 metros de largura, é a solução para o canal que já deixa de receber 32 % da frota mundial exatamente porque ela não cabe nas reclusas. Com a ampliação foi aberto um novo canal com mais de seis quilômetros de extensão, ele vai unir as comportas do pacífico ao Paço Culebra. O consórcio internacional de empresas instalou 16 gigantescas comportas do lado Atlântico e do Pacífico. As novas comportas móveis e sobre rodas reduzem os serviços de operação e manutenção e baixos custos. As bacias de reuso empregam 7% a menos de água do que o sistema anterior e reaproveitam 60% da água exigida em cada trânsito.