Imagem do jornal americano de The New York Times mostra Michael Green, de 45 anos, que passou 27 anos na cadeia por estupro que não cometeu
O americano Michael Green, de 45 anos, vive um dilema: aceitar compensações no valor de R$ 3,9 milhões (US$ 2,2 milhões) pelos 27 anos que passou injustamente na cadeia ou entrar com um processo contra o Estado do Texas, nos Estados Unidos, para revelar a verdade sobre o julgamento de estupro que o levou à prisão.
Em entrevista ao jornal The New York Times publicada nesta quinta-feira (12), Green - que foi libertado há duas semanas - disse que ainda não se decidiu, apesar de considerar que o dinheiro oferecido pelo Estado não é suficiente para pagar pelo tempo que ficou preso.
- O que eu realmente preciso é fazer com que eles paguem pelo que fizeram comigo. Os US$ 2,2 milhões são nada comparados aos 27 anos da minha vida em que passei por tortura mental e abusos físicos.
O drama de 27 anos de encarceramento do americano só teve fim graças ao trabalho de um novo escritório da promotoria do condado de Harris, que conseguiu provar por meio de exames de DNA que o crime de que Green foi considerado culpado, em 1983, não tinha sido cometido por ele.
Na noite do dia 18 de abril de 1983, Green caminhava para casa quando uma mulher foi sequestrada e estrupada por quatro homens em um carro roubado. O americano foi um dos vários suspeitos detidos pela polícia nas imediações, mas a vítima não conseguiu identificá-lo.
Uma semana mais tarde, a polícia prendeu Green após ele roubar e bater um carro. As autoridades voltaram a apresentá-lo à vítima de estupro, que desta vez o "escolheu" em uma linha de suspeitos. No julgamento que se seguiu, o americano, na época com 18 anos, foi condenado a 75 anos de prisão.
De acordo com o New York Times, a prova da inocência de Green 27 anos mais tarde joga luz sobre um dos principais problemas da Justiça dos EUA: a suposta falta de credibilidade das identificações de suspeitos por vítimas em delegacias.
Segundo o jornal, mais de três quartos das 258 pessoas libertadas após testes de DNA nos últimos dez anos foram condenados com base em identificações visuais feitas por testemunhas ou vítimas.