Um grupo de estrangeiros embarcou neste sábado (6) em um voo da empresa Air Koryo para deixar Pyongyang, a capital da Coreia do Norte, rumo a Pequim, na China, com o aumento da tensão depois de semanas de troca de acusações belicosas do país com os EUA e a Coreia do Sul. Imagens do momento foram registradas pela agência France Presse.
Apesar disso, os funcionários da maior parte das embaixadas na Coreia do Norte pareciam seguir em suas funções neste sábado, apesar de um chamado feito pelas autoridades norte-coreanas para que os diplomatas avaliassem a possibilidade de deixar o país em razão do aumento da tensão.
As autoridades da Coreia do Norte informaram às missões diplomáticas que não poderão garantir sua segurança a partir da próxima quarta-feira (10), depois de declararem que um conflito é inevitável enquanto ocorrerem exercícios militares conjuntos dos Estados Unidos e Coreia do Sul, previstos para acabar apenas no final do mês.
Independentemente do clima na capital norte-coreana, Pyongyang, a capital sul-coreana, Seul, encharcada pela chuva, parecia calma. O trânsito continuava normal no centro da cidade, movimentado pelas compras de sábado.
Entre os países que têm embaixada em Pyongyang estão Brasil, Rússia, Alemanha, Reino Unido, China, Irã, Cuba, Suécia, Polônia, República Tcheca, Bulgária, Romênia, Índia, Paquistão e Síria.
Os chefes das missões diplomáticas dos países europeus que têm representação em Pyongyang discutiam neste sábado uma eventual retirada e a busca de uma "posição comum e uma ação comum" sobre os funcionários, afirmou à AFP o ministério búlgaro das Relações Exteriores.
Entretanto, a Alemanha informou nesta manhã que, por enquanto, sua embaixada continuará funcionando em Pyongyang.
O ministro das Relações Exteriores alemão, Guido Westerwelle, lembrou através de comunicado que a Coreia do Norte deve respeitar "as normas de Direito Internacional" e garantir a segurança e operabilidade das representações diplomáticas em seu território.
"Os cenários de ameaças e retórica bélica" lançadas desde Pyongyang são "inaceitáveis" e colocam em perigo "a estabilidade de toda a região", diz o comunicado.
Além da Alemanha, Gra-Bretanha, Suécia, Polônia, Romênia, República Tcheca e Bulgária têm representação diplomática na Coreia do Norte.
As fontes governamentais consultadas consideram que "a maioria dos Governos estrangeiros vê a mensagem da Coreia do Norte como uma estratégia para elevar a tensão na península coreana".
Além disso, estão tentando analisar os detalhes da mensagem da Coreia do Norte e as intenções do regime de Kim Jong-un, e especificaram que Seulx tem a intenção de lidar com a situação de uma maneira calma.
A Organização das Nações Unidas afirmou que seus funcionários da área humanitária permanecem ativos em toda a Coréia do Norte. No entanto, o secretário-geral da entidade, Ban Ki-Moon, disse estar "profundamente preocupado" com as tensões, intensificadas desde a imposição de sanções da ONU contra a Coreia do Norte por seu teste nuclear em fevereiro.
Brasil
A embaixada do Brasil em Pyongyang recebeu nesta sexta um comunicado do governo local instruindo as representações diplomáticas a informarem sobre a necessidade de apoio logístico para a saída de seus funcionários do país, em meio ao crescimento da tensão militar entre Coreia do Norte e Estados Unidos.
Segundo o Itamaraty, nenhuma decisão sobre a permanência ou não dos funcionários brasileiros na Coreia do Norte foi tomada até o fim da noie desta sexta, mas o assunto era estudado.
O Itamaraty informou ter o conhecimento da presença de apenas seis brasileiros na Coreia do Norte atualmente. Dois são funcionários da embaixada ? o embaixador Roberto Colin e um funcionário administrativo. Também estão no país a mulher e o filho de Colin. Os outros dois brasileiros são a mulher e o filho do embaixador da Palestina na Coreia do Norte.
Neste sentido, analistas acreditam que a Coreia do Norte, país caracterizado pelo extremo culto aos seus líderes, poderia testar um míssil nos próximos dias por ocasião do aniversário, em 15 de abril, do nascimento de Kim Il-sung, fundador do país e avô do atual dirigente.