O Vaticano disse neste sábado (20) que fará uma investigação formal nas dioceses irlandesas envolvidas nas denúncias de abuso sexual.
O papa Bento XVI pediu desculpas numa carta divulgada neste sábado aos fiéis da Irlanda. Após o pedido, o Vaticano declarou que todos os casos serão investigados.
Em 2009, um relatório de uma comissão independente concluiu que os abusos teriam ocorrido durante décadas, entre 1930 até os anos 1990. Também há denúncias de que vários casos teriam sido acobertados.
Cópias da carta foram entregues a jornalistas na sala de imprensa do Vaticano. O documento é endereçado aos católicos da Irlanda, país abalado por uma série de denúncias de abusos sexuais em instituições católicas.
No documento, o papa declara aos católicos da Irlanda que os bispos daquele país cometeram ?graves erros de julgamento? no que diz respeito a casos de abuso sexual cometidos por religiosos e pediu ação decisiva, honestidade e transparência.
O pontífice pediu perdão às vítimas e anunciou uma investigação formal das dioceses e seminários envolvidos em escândalos sexuais. Nas últimas semanas, o Vaticano tem sido obrigado a lidar com uma série de acusações não só na Irlanda, mas também na Alemanha, Áustria e Holanda.
?Vocês sofreram gravemente e eu verdadeiramente sinto muito... Eu abertamente expresso a vergonha e o remorso que todos nós sentimos?, afirma o papa na carta pastoral. ?Eu só posso compartilhar a consternação e o sentimento
de traição que tantos entre vocês vivenciaram ao tomar conhecimento desses atos pecaminosos e criminosos e da forma como as autoridades eclesiásticas na Irlanda lidaram com eles?, declarou Bento XVI.
Ele anunciou uma ?visita apostólica? de algumas dioceses, seminários e ordens religiosas no país, mas não respondeu à pressão para que os bispos envolvidos sejam afastados.
Visitas apostólicas são espécies de inquéritos em que inspetores encontram-se com bispos, diretores de seminários e conventos e responsáveis por paróquias para revisar a forma como certos assuntos foram conduzidos no passado. O resultado são sugestões de mudança de conduta ou até mesmo ações disciplinares.
A diretora de um grupo que defende vítimas de abusos sexuais na Irlanda classificou a carta de "decepcionante" porque, segundo ela, não trata dos bispos que tentaram acobertar os casos. Além disso, ela diz que a carta fala apenas dos casos ocorridos no país.
Recentemente, denúncias de abusos sexuais envolvendo padres também surgiram em lugares como o Brasil, o Chile, a Áustria, a Holanda, a Suíça, a Grã-Bretanha e a Alemanha, onde o escândalo envolveu o nome do irmão do Papa Bento XVI. Durante 30 anos, Georg Ratzinger dirigiu o coral de Regenburg, onde ex-alunos disseram ter sofrido abusos sexuais. O irmão do Papa negou que soubesse desse tipo de abuso, mas admitiu que permitia o castigo físico para os estudantes.