Árvore bíblica extinta “volta à vida” graças a semente de 1.000 anos

A semente, encontrada durante uma escavação arqueológica na região inferior de Wadi el-Makkuk, ao norte de Jerusalém, estava em condições notavelmente preservadas.

Pesquisadores plantaram a semente antiga em 2010, mais de 20 anos depois de ter sido descoberta no deserto da Judeia | Foto: Sarah Sallon
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Botânicos estão cultivando uma espécie de árvore há muito tempo desaparecida, utilizando uma semente de aproximadamente 1.000 anos, descoberta em uma caverna no deserto da Judeia na década de 1980.

bálsamo medicial

De acordo com os pesquisadores responsáveis pelo projeto, acredita-se que a espécie, atualmente considerada extinta, possa ser a origem de um bálsamo medicinal mencionado na Bíblia e em outros textos históricos.

A semente, encontrada durante uma escavação arqueológica na região inferior de Wadi el-Makkuk, ao norte de Jerusalém, estava em condições notavelmente preservadas. Contudo, os cientistas não conseguiram determinar a espécie da árvore apenas com base na análise da semente.

Liderada pela Dra. Sarah Sallon, fundadora do Centro de Pesquisa em Medicina Natural Louis L. Borick, no Hadassah University Medical Center em Jerusalém, a equipe plantou a semente há mais de uma década para investigar sua origem.

Sallon sugeriu que a árvore poderia estar ligada ao "tsori", uma substância mencionada na Bíblia, descrita como um extrato medicinal associado à região de Gileade, localizada ao norte do Mar Morto. Esta área, historicamente conhecida por sua agricultura, agora faz parte da Jordânia.

As descobertas, publicadas em 10 de setembro na revista Communications Biology, ajudam a desvendar alguns mistérios sobre as origens dessa árvore, apelidada por Sallon de "Sheba".

Método de germinação e análise genética

A Dra. Elaine Solowey, coautora do estudo e pesquisadora do Centro de Agricultura Sustentável do Instituto Arava, em Israel, aplicou um método desenvolvido anteriormente para germinar sementes antigas. O processo incluiu mergulhar a semente em água enriquecida com hormônios e fertilizantes antes de plantá-la em solo estéril. Após cerca de cinco semanas, um broto saudável surgiu.

A análise genética foi conduzida pela Dra. Andrea Weeks, da George Mason University, que confirmou que a árvore pertence ao gênero Commiphora. Entretanto, a espécie não corresponde a nenhuma das conhecidas em bancos de dados genéticos, sugerindo tratar-se de um táxon extinto, nativo do deserto da Judeia.

Conexão histórica e medicinal

Embora a árvore, agora com mais de 14 anos, não tenha produzido flores ou frutos — elementos fundamentais para a identificação completa da espécie — os pesquisadores levantaram a hipótese de que ela poderia ser uma parente próxima do bálsamo da Judeia.

Análises químicas não detectaram compostos aromáticos como os da mirra, mas identificaram substâncias com propriedades medicinais, como guggulteróis, conhecidos por seu potencial terapêutico. Isso levou os pesquisadores a concluir que a árvore pode ter sido utilizada para produzir bálsamos medicinais históricos.

A longevidade excepcional da semente impressionou especialistas, como a Dra. Louise Colville, do Royal Botanic Gardens, Kew, que destacou a raridade de um espécime germinar após tanto tempo.

Essa descoberta não apenas amplia o conhecimento sobre espécies extintas, mas também reforça a importância da conservação de sementes como estratégia para preservar a biodiversidade ao longo do tempo.

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