Aeronaves militares atacaram uma multidão de manifestantes antigoverno em Trípoli, capital da Líbia, disse a televisão Al Jazeera.
O líbio Soula al-Balaazi, que disse ser ativista da oposição, afirmou à rede por telefone que caças da Força Aérea da Líbia bombardearam "alguns locais em Trípoli". Ele disse que falava de um subúrbio de Trípoli.
Pelo menos 250 pessoas teriam morrido, segundo a emissora. Já a Al Arabiya fala, sem citar fontes, em 160 mortos.
Mais cedo, a Federação Internacional de Direitos Humanos havia calculado entre 300 e 400 o número de mortos desde o início da rebelião contra o governo de Muammar Kadhafi. Segundo a Human Rights Watch, ao menos 233 morreram.
Nenhuma verificação independente das notícias estava disponível no momento.
Moradores dos bairros de Tayura e Fashlum relataram um "massacre", com muitos mortos, inclusive mulheres.
Outro morador da capital também afirmou à TV que diversas áreas da capital estão sendo bombardeadas.
"O que estamos testemunhando hoje é inimaginável. Aviões de guerra e helicópteros estão bombardeando indiscriminadamente uma área depois da outra. Há muitos, muitos mortos", disse Adel Mohamed Saleh.
Há relatos de que pilotos teriam desertado para a ilha de Malta porque não queriam disparar contra a multidão.
O jornal "Quryna" relatou que mercenários atiraram contra manifestantes, provocando muitas mortes. Uma mulher teria sido morta dentro de sua própria casa.
O secretário de Relações Exteriores britânico, William Hague, afirmou mais cedo que Kadhafi poderia estar se dirigindo para a Venezuela, mas uma fonte do governo em Caracas negou a informação.
Várias cidades do país, entre elas Benghazi e Syrte, estão dominadas por manifestantes, depois de relatos de deserções nas fileiras do Exército e da polícia, segundo testemunhas e a Federação Internacional de Direitos Humanos.
"Muitas cidades foram tomadas, principalmente no leste. Os militares estão debandando", disse a presidente da FIDH, Souhayr Belhassen, citando principalmente Benghazi, reduto da oposição, e Syrte, cidade natal do coronel Kadhafi, que preside o país desde 1969. Outras testemunhas, no entanto, desmentiram que Syrte tivesse sido tomada.
A polícia debandonou no domingo de Zauia, a 60 km a oeste de Trípoli, e a cidade está mergulhada no mais completo caos, informaram vários tunisianos que fugiram para Ben Guerdan (Tunísia), perto da fronteira entre os dois países.
Protestos também estouraram na cidade de Ras Lanuf, que abriga uma refinaria e um complexo petroquímico, segundo o jornal "Quryna".
O grupo petroleiro italiano ENI, principal produtor estrangeiro na Líbia, anunciou em Milão que vai retirar seu pessoal "não essencial" do país.
Ao mesmo tempo, pelo menos três diplomatas líbios renunciaram a seus cargos, e vários líderes tribais e religiosos aderiram à revolta popular.
Uma coalizão de líderes muçulmanos líbios emitiu uma declaração dizendo que é obrigação de todo o muçulmano se rebelar contra o governo líbio.
"Eles demonstraram total impunidade arrogante e contínua, e até mesmo intensificaram seus crimes sangrentos contra a humanidade. Portanto, eles demonstraram total infidelidade à orientação de Deus e Seu amado Profeta (que a paz esteja com ele)", disse o grupo, chamado de Rede dos Ulemas (sábios religiosos) Livres da Líbia.
O ministro da Justiça, Mustafa Abdeljalil, pediu demissão em protesto contra a "situação sangrenta" no país, também segundo "Quryna". O jornal afirmou ter conversado com o ministro por telefone. Não havia confirmação oficial.