Antes da renúncia oficial do papa Bento 16, programada para o dia 28 de fevereiro, o pontífice vai se reunir com todos os cardeais para revelar as descobertas feitas pela comissão de inquérito que apura o escândalo do vazamento de documentos confidenciais da Santa Sé, chamado VatiLeaks. A informação foi publicada pelo jornal italiano "La Stampa", nesta sexta-feira (22).
A previsão é que a reunião seja realizada no início da próxima semana. As revelações serão feitas pelos cardeais Julián Herranz (Espanha), Jozef Tomko (Eslováquia) e Salvatore De Giorgi (Itália). Os três foram designados por Bento 16 no ano passado para iniciar uma investigação sobre os escândalos que vieram à tona em maio de 2012.
As investigações se transformaram em um relatório de 300 páginas que foi entregue ao pontífice em dezembro do ano passado. O documento é sigiloso, mas, conforme informado pelo jornal italiano "La Reppublica", revela um sistema de "chantagens" internas baseado em fraquezas sexuais e ambições pessoais.
O periódico, que relacionou as descobertas com a renúncia de Bento 16, também apontou a existência de uma "rede transversal unida pela orientação sexual", além da descrição de casos de mau uso de dinheiro e relações homossexuais dentro da Cúria Romana.
As revelações feitas por Bento 16 e pela comissão de inquérito poderão orientar os cardeais durante o conclave, que irá eleger o novo papa. Ainda não há definição quando a reunião de cardeais eleitores terá início. Mas, espera-se que o próximo pontífice seja conhecido até a Páscoa, no final de março.
A RENÚNCIA
O papa Bento 16 anunciou sua renúncia no dia 11 de fevereiro em um discurso pronunciado em latim durante um encontro de cardeais no Vaticano. Ao justificar sua decisão, o pontífice de 85 anos alegou fragilidade por conta da idade avançada.
O pontífice disse que "no mundo de hoje (...), é necessário o vigor tanto do corpo como do espírito, vigor que, nos últimos meses, diminuiu em mim de tal forma que eis de reconhecer minha incapacidade para exercer bem o ministério que me foi encomendado".
O Vaticano negou que uma doença tenha sido o motivo da renúncia. Mas, segundo o jornal "O Estado de S.Paulo", uma disputa interna de poder praticada por ex-aliados nos últimos meses pode ser uma das razões para a tomada de decisão do pontífice. Esta é a primeira vez na era moderna que um papa da Igreja Católica renuncia ao pontificado.
Já o jornal italiano "La Reppublica" relacionou à renuncia do pontífice a um relatório com cerca de 300 páginas sobre o escândalo do vazamento de documentos confidenciais da Santa Sé, redigido por três cardeais e entregue à Bento 16 em dezembro de 2012. O Vaticano reconheceu a existência do documento, mas descartou qualquer relação com a decisão do papa.
A renúncia de bento 16 será oficializada no dia 28 de fevereiro. E o cargo ficará vago até a eleição do próximo papa. A expectativa é que o Conclave de cardeais, eleja um novo papa ainda em março, antes da Páscoa. O Vaticano anunciou que a eleição deve começar entre 15 e 20 de março. A data, no entanto, pode ser adiantada para o dia 10, caso os cardeais cheguem ao país.
Cinco cardeais brasileiros deverão participar do conclave. Segundo a última lista do Vaticano, há um total de 116 cardeais aptos a votar no próximo papa. Para participar da papa, o cardeal precisa ter menos de 80 anos. O Brasil tem um total de nove integrantes no Colégio Cardinalício do Vaticano, mas quatro deles já ultrapassaram a idade limite.
Em sua primeira aparição pública desde o anúncio da renúncia, o papa Bento 16 disse que tomou a decisão "pelo bem da igreja". Bento 16 agradeceu pelo "amor" e apoio dos fieis.