O clínico Alan Kenny procura há dois anos um médico assistente oferecendo salário anual de US$ 268 mil (US$ 22.333 mil ao mês, ou R$ 88 mil), com três meses de férias e sem plantões noturnos e nos fins de semana. A busca teve destaque na mídia nesta terça-feira e, do dia para a noite, seu consultório, em área rural da Nova Zelândia, foi inundado com centenas de ligações e e-mails da Polônia, Ucrânia, Índia, Bósnia, África do Sul, Canadá, França e até do Brasil. A redação do GLOBO recebeu diferentes e-mails de leitores solicitando uma forma de contato com o médico.
- Esse emprego é justamente o que estou procurando para minha carreira - escreveu a leitora Marina Lopes de Oliveira, de São Paulo.
Mas, de maneira geral, o clínico da pequena cidade de Tokoroa, com 13 mil habitantes, não ficou nada satisfeito com a repercussão.
- É uma situação abominável, muito perturbadora e desagradável — disse Kenny, em entrevista ao jornal britânico “Guardian”. — A cidade reagiu com muita hostilidade à minha situação e ao conhecimento sobre os salários de um médico. Estão falando mal de mim no Facebook, com muita hostilidade.
Na terça-feira, jornais de todo o mundo repercutiram a saga de Kenny para encontrar um médico assistente para seu consultório em Tokoroa. Mesmo com a oferta de bom salário e boas condições de trabalho, Kenny não conseguia encontrar um candidato habilitado para a vaga. E, aparentemente, não vai conseguir mesmo com tanta publicidade. Segundo ele, 99% das candidaturas “eram lixo”.
— Eu estou muito estressado, meus pacientes estão infelizes e minha equipe está se sentindo sob muita pressão — disse o médico. — Eu estou com uma dor de cabeça latejante e se algum candidato significativo emergir dessa experiência horrível eu vou ficar surpreso.
Em uma rápida seleção, Kenny descartou todas as candidaturas de pessoas que não falassem inglês ou não exercessem a medicina. E eram dúzias e mais dúzias de currículos sem a qualificação mínima para a vaga. Contudo, Kenny disse ter encontrado, nas centenas de candidatos, dois perfis com “qualificações rigorosas” que estão sendo avaliados.
O conselho de saúde do distrito de Waikato, onde fica a cidade de Tokoroa, também recebeu inúmeras ligações de interessados para a vaga, assim como a rede de clínicas gerais da zona rural da Nova Zelândia.